sábado

Gabriel García Márques perdeu a memória atraiçoado pela ironia do destino

Soube-se que Gabito sofre de demência senil e deixou completamente de escrever. Ora, isto é trágico para um escritor, um exímio contador de histórias. Há até quem defenda que depois de D. Quixote de Miguel de Saavedra - Cem anos de solidão é a segunda maior obra latino-americana.



Influenciado pela obra de Franz Kafka, alguém que explicaria hoje o absurdo a que chegámos, GGM entendeu que também podia modelar os seus personagens, tal como Kafka fez na sua obra A Metamorfose, ao transformar um personagem num insecto monstruoso. Assim, chegou ao método e ao registo do realismo fantástico que norteou boa parte das suas obras.

Jogou sempre com a memória e o esquecimento para ficcionar as suas obras, estruturar os seus personagens e tecer os seus labirínticos enredos. Hoje, por uma cruel ironia do destino, foi ele quem perdeu todas essas faculdades mentais.

Isto deve alertar-nos para um facto comezinho que é recorrente na história da vida do homem, de agora e de sempre, ou seja, sabemos como nascemos mas nunca conseguimos antever as condições físicas e mentais em que vamos envelhecer e morrer. Ainda que já nos tenhamos imortalizado pelo triunfo da glória através das letras.

Este facto, por ser tão injusto e cruel pode densificar a ideia de que, de facto, Deus inexiste, ou se existe anda a trabalhar em regime de part-time numa região do mundo muito afastada do continente sul-americano.

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