Da Guerra, política... Evocação de Carl von Clausewitz e Brell
Hoje discute-se muito o tempo e o modo com que o Governo deveria ter sabido prevenir a dimensão da débacle financeira e económica que os contribuintes têm de suportar. Seja para manter um Estado gordo a funcionar, que agora terá uma cínica oportunidade para se reformar, seja ainda para racionalizar o complexo das decisões e medidas que deveria ter tomado e não tomou. Por falta de planeamento e, sobretudo, de sagesse política, com grandes responsabilidade para Teixeira dos Santos, cuja credibilidade está, inequívocamente, questionada, assim como a do próprio PM. De nada valerá negá-lo, ou denegar esta evidente realidade de siameses da política. Que é aquilo que alguns secretários de Estado, cujo currículo foi terem andado a colar cartazes durante uma década a fio, fazem. Depois perdem eleições, e, acto contínuo, são promovidos a secretários de Estado!!! Assim, no quadro da discussão de saber em que tempo e circunstância as medidas preventivas de saneamento das finanças públicas deveriam ter ocorrido, poupando os 10 milhões de tugas a um empobrecimento sem precedentes desde o 25 de Abril, é que recordo o pouco que aprendi sobre o pensamento de Clausewitz nos bancos da faculdade. E uma dessas lições, que parece ter falhado a Teixeira dos santos e ao próprio PM, é que das informações que recebemos em períodos conturbados, uma grande parte é contraditória, uma parte ainda maior é falsa e a enorme maioria está sujeita a uma boa dose de incerteza. Resultado: caímos numa idade em que a finança e a "ditadura da economia e dos mercados" não só manda na política, dissolvendo a legitimidade dos agentes políticos legítimos tornando inoperacionais as suas medidas e acções, e potenciando os seus erros e omissões, como também escravizam a política, o que é ainda mais grave em termos do vínculo de confiança no futuro no quadro da relação governantes-governados. Votamos em políticos, mas são os mercados que decidem. Eis o paradoxo do nosso tempo.
Ne me quitte pas poderia hoje ser uma Letra e uma música que S. Bento dedicaria ao Terreiro do Passo!!
Jacques Brell, Ne me quitte pas
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