Evocação de António Nobre - o Só -
Morreu em 1900, apenas com 27 anos e só publicou em vida uma obra, o Só. Foi um poeta solitário, sem pretensões de deixar marcas ou de fazer escola, mas que, na linha de Cesário Verde, supera a poesia romântica pretensamente realista. Chega-nos através dele uma voz pura e cantante. O sentimento dominante é a saudade: saudade da pátria de quando esteve em Paris, saudade da infância e do seu paraíso perdido, saudade, enfim, porque se sente destinado a uma morte precoce como, infelizmente, sucedera. Nobre parece ter adivinhado o seu próprio fim.
Pudessem suas mãos cobrir o meu rosto
fechar-me os olhos e compor-me o leito
quando, ceguinho, as mãos em cruz no peito,
eu me for viajar para o sol-posto.
Talvez seja por causa desta tonelada de simplicidade e, ao mesmo tempo, de autenticidade, que o poeta António Nobre atingiu o nível de prosa artística, como Cesário, está gravado a lazer nos umbrais da poesia portuguesa do séc. XX. O ideal é nutrir apenas saudades de futuro, não de passado, na medida em que esse tipo de saudade pode revelar-se fatal para quem dela seja portadora. ___________________________________________________
Neil Diamond - Love On The Rocks
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