terça-feira

Igreja: Actual modelo económico é "indecente"

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social classificou hoje como "indecente" o atual modelo económico, considerando que "agrava a pobreza e a exclusão social". Fotografia © Paulo Spranger - Arquivo DN "O modelo actual é injusto, indecente, desigual, desproporcionado e agrava a pobreza e a exclusão social", afirmou o bispo Carlos Azevedo na abertura da XXVI Semana da Pastoral Social, em Fátima.
"Não são as pessoas que estão ao serviço da economia mas a economia que está ao serviço das pessoas e dos povos, ao serviço do bem comum, sem deixar de lado os vulneráveis", acrescentou.
Criticando o capitalismo que "fez muitas vezes da mão de obra mera mercadoria", Carlos Azevedo sustentou que as instituições da Igreja Católica têm de ser "os primeiros praticantes de um modelo nascido da lógica do dom e marcado pela verdade".
"Não vamos aqui dar recados ao Governo", garantiu ainda o bispo, para quem está "ultrapassada a fase de qualquer jogo político".
"Como se tem verificado, a secularização não baixa com políticos de centro-direita", disse, sustentando que "os princípios morais têm de estar inscritos no coração das pessoas".
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social acrescentou que "não ganhamos nada com medidas legislativas que favoreçam os nossos valores se não recuperamos a dimensão religiosa e não vencermos a crise da fé".
Dirigindo-se aos cerca de 500 participantes na abertura da XXVI Semana da Pastoral Social, Carlos Azevedo disse-lhes que estão "chamados a reinventar o espaço público como lugar de deliberação e de diálogo em comum" e que não devem abdicar "dessa intervenção política, decorrente do modo cristão de estar na sociedade".
O bispo auxiliar de Lisboa frisou que "as organizações sociais não são meras agências de serviços", mas têm "uma função ética, política e relacional", num momento em que "a desmoralização da sociedade ganha terreno" e que o "desânimo" atinge dirigentes e voluntários das organizações sociais.
"As consequências sociais da crise vão continuar a afetar os mais pobres durante vários anos, de forma mais intensa", disse Carlos Azevedo, defendendo a promoção de "soluções colectivas para problemas comuns" perante o "predomínio do 'salve-se quem puder'".
A Semana da Pastoral Social, dedicada ao tema "Dar-se de verdade: Para um desenvolvimento solidário", termina na quinta feira e vai dedicar.
Obs: Medite-se nas palavras do bispo e, se possível, remeta-se a mensagem para o franciscano Vitor Milícias que vive com uma reforma de cerca de 10 mil euros por mês, ou seja, vive como um verdadeiro abade - que também deve estar muito preocupado com o que se passa em Portugal com a erradicação da pobreza.

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