Incapacidade de articular o interesse colectivo
Temos aqui veículado a frustração em reconhecer valia política aos candidatos dos principais partidos do arco da governação: PS e PSD, cujos candidatos são o poeta Manuel Alegre e o actual PR, Cavaco Silva. Mas um e outro, por razões ao mesmo tempo distintas e convergentes, não preenchem os requisitos que muitos portugueses colocam para repor Portugal no bom caminho e regressar aos indicadores sociais e económicos dos países desenvolvidos. Será porque os portugueses não gostam de poetas nem de tecnocratas?! Não creio. Creio, sim, que os portugueses ao ver e ouvir um e outro projectam neles os males sociais de uma maneira estrutural que hoje afecta o país. Ou seja, boa parte desses males sociais exprimem-se em sentimentos de insegurança, perda de confiança, desenraizamento, fragmentação e conflitualidade cujo "armazém" tem origem na desinstitucionalização do vínculo social que esvazia o sentido público, e que é agravado pela falta de credibilidade dos partidos e da classe política no seu conjunto. Se os portugueses já interiorizaram este conjunto de frustrações e o projectam nos candidatos presidenciais do sistema (arco da governação) acreditam, por extensão, que esses mesmos actores (e figurantes) não são capazes de inovar e fazer progredir o interesse colectivo do país, e é essa incapacidade de articulação do bem comum, agravada pela falta de elites competentes e credíveis portadoras de esperança, que faz com que Portugal ainda fique mais bloqueado com este leque de candidatos presidenciais que ps e psd apresentam - requentadamente - ao eleitorado.
Veremos como se pode americanizar as eleições presidenciais em Portugal. E é aqui, talvez, que Fernando Nobre pode dar um ar de Obama no sistema político nacional em 2011.
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