quinta-feira

Pacheco Pereira não aprendeu nada com a "estória..." e quer politizar a justiça

Na resposta, o chefe do Governo acusou o social-democrata de "lançar suspeições indevidas para tudo e para todos" de uma "forma doentia", motivado pelo "ressentimento político" causado pela derrota nas eleições legislativas.
Intervindo durante o debate do Programa do Governo na Assembleia da República, Pacheco Pereira defendeu que o caso "Face Oculta" tem de ser visto "do ponto de vista político e não apenas do ponto de vista judicial" e questionou directamente Sócrates sobre a sua disponibilidade para fornecer "toda a informação necessária" para o Parlamento "acompanhar as relações entre Governo e grupos económicos numa fase da governação em que há pouca transparência sobre essa matéria".
José Pacheco Pereira afirmou que "quando se verifica a existência de uma rede tentacular em empresas públicas, que são em última instância responsabilidade dos primeiros responsáveis políticos, ministros e secretários de Estado", existe "responsabilidade política nos governantes que fizeram as escolhas políticas para a gestão dessas empresas".
"Quando existem casos de corrupção que perturbam o funcionamento dessas empresas de forma sistemática e são estruturais há responsabilidade política", considerou Pacheco Pereira, assinalando uma "tendência" para introduzir "o mundo do negócio e dos interesses nos gabinetes ministeriais".
Por seu lado, José Sócrates disse que para Pacheco Pereira "os fins justificam os meios" e ironizou, aludindo ao passado político do social-democrata: "O senhor deputado passou de educador da classe operária a educador da classe política".
"A Assembleia da República não é a 'Quadratura do Círculo', afirmou, aludindo ao programa televisivo onde participa o social-democrata e acusando-o de trazer para o Parlamento "as suspeições habituais que costuma debitar na televisão".
"E se o senhor deputado compreendesse o significado das duas derrotas eleitorais do PSD? Talvez não fosse mau dedicar alguma da sua capacidade de análise a isso", sugeriu, afirmando que as "linhas políticas da pretensão da superioridade com a verdade não vencem em democracia".
Num pedido de defesa da honra, Pacheco Pereira voltou a defender que o Parlamento "tem que alargar o seu escrutínio".
"Não pode permitir que o senhor primeiro-ministro venha aqui e afirmar-se de decisões que envolvem interesses económicos sem que a Assembleia da República não saiba como elas foram tomadas, porque razão foram tomadas discricionariamente, porque não foram levadas a concurso público, com que empresas e em que circunstâncias e com que contrapartidas o senhor primeiro-ministro lhes ofereceu. Isso é um elemento fundamental desta legislatura", disse.
Na resposta, José Sócrates desejou, ironicamente, "que as próximas intervenções corram melhor" a Pacheco Pereira, considerando que hoje "não fez outra coisa senão meter os pés pelas mãos".
Obs: Pacheco Pereira ao querer imputar uma responsabilidade ao PM por ter nomeado Vara para a CGD - que depois emigrou para o BCP com CSF - está, indirectamente, a politizar a justiça, e misturando áreas que devem ser estanques, em nome da imparcialidade e da isenção das decisões judiciais, Pacheco está a subverter os fundamentos do Estado de direito. pacheco Pereira sabe que as decisões da justiça são lentas, o tempo da justiça é, por natuereza, lento, ao invés da rapidez com que as notícias atravessam o espaço mediático, e sabendo isto Pacheco quer subverter o jogo democrático ao pretender subordinar as decisões dos tribunais aos veredictos políticos.
Dados por quem?! Por Pacheco na AR e em directo. No mínimo, é ridículo e vindo dum historiador é uma desilusão. Isto não obsta, evidentemente, que a justiça não actue com toda a celeridade e apure factos, instrua processos e, se for caso disso, proceda a acusações ou arquivamentos. Mas a AR não é bem o fórum da justiça em Portugal, por vezes é até o forum do disparate. Curiosamente, nunca vi Pacheco defender a perda de imunidade parlamentar ao seu ex-colega de bancada António Preto por ocasião do "caso da mala"...