Vamos entrar em eleições.. Evocação de Luís Vaz de Camões
Canto I, estâncias 4 - 5 Camões invoca as Tágides (ninfas do Tejo, inspiradoras de poetas). ilustrados por Carlos Alberto Santos
(...)
4- E vós, Tágides minhas, pois criado tendes em mim um novo engenho ardente, se sempre em verso humilde celebrado foi de mim vosso rio alegremente, dai-me agora um som alto e sublimado, um estilo grandíloquo e corrente, por que de vossas águas Febo ordene que não tenham inveja às de Hipocrene.
Um som alto e sublimado - que todos ouçam e que seja sublime;
estilo grandíloquo e corrente- estilo grandioso mas fluente;
Febo- o mesmo que Apolo, deus romano da poesia;
Hipocrene - fonte mítica na Grécia Antiga que transformava em poeta quem dela bebesse.
5- Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
e não de agreste avena ou frauta ruda,
mas de tuba canora e belicosa,
que o peito acende e a cor ao gesto muda.
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
gente vossa, que a Marte tanto ajuda,
que se espalhe e se cante no Universo,
se tão sublime preço cabe em verso.
Obs: Aproxima-se o 10 de Junho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (e o da Raça no ancien regime - que Cavaco no passado recente, por lapso, também evocou) , que assinala a morte de Camões (1580), mas também é o dia da "libertação" e da "afirmação" da língua portuguesa, cimento de muita coisa na nossa história colectiva. Uma evocação da nossa gesta dos Descobrimentos e da grandeza deste pequeno rectângulo que deu novos mundos ao Mundo e foi pioneiro da teoria duma globalização humanista entre povos, sociedades, culturas e continentes. Aqui fica a singela nota à T. Simão que teve a amabilidade de, numa passagem dum canto d' Os Lusíadas - me distrair da espuma dos dias em que normalmente vegetamos para nos lembrarmos das essências das coisas que tendemos a secundarizar.
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