A [colusão] da Análise Política em Portugal. A medalha da desgraça no dia de Camões
É em momentos eleitorais que os candidatos a políticos, os media e a comunidade de analistas, quais produtores do simbólico, dão tudo de si, por vezes mal e de forma deturpada - subvertendo os princípios da isenção daquilo que deveria ser a análise política isenta, rigorosa e o mais neutral possível. Se bem que nunca se é completamenmte neutral nestas lutas, em que o terreno está minado, como ensinou o maior sociólogo da modernidade, Max Weber. Dito isto, é neste quadro de relações que cada um daqueles players procura a verdade, a sua verdade: o candidato a político quer ser eleito, os media pretendem a maior taxa de cobertura (ganhando com isso em Pub.) possível dos acontecimentos políticos, se possível acertando nas sondagens que encomendaram (que custaram dinheiro e que pretendem rentabilizar via Pub.), e os analistas, muitas vezes não passam de "patos-bravos" do simbólico, desejando antever os takes que o político A, B e C fazem para atingir os seus objectivos a curto e médio prazos. E alguns fazem "análise" através do espectáculo de conceitos, de formulações manhosas, de correlações idiotas, enfim, são os novos agentes da desgraça, os amantes do circo e do espectáculo que, parece, querem agora substituir-se aos políticos - por via das suas idiotas análises fatalistas de que Portugal vai falir, vai implodir, vai morrer. Esses "cromos ou testemunhas da desgraça" são conhecidos e, confesso, pagar-lhes-ía uma boa maquia só para não terem de trabalhar comigo na mais simples tarefa da gestão da coisa pública. Mas quem são esses analistas da desgraça, esses fatalistas do abismo, esses profetas do "Armaguedão do Apocalipse"!? São aqueles que vendo a realidade já meio cinzenta no seu País, não hesitam em a pintar de preto, como se tivessem prazer em carbonizar um autocarro repleto de pessoas. E isto é lamentável nos soi-disant analistas, muitos deles ex-governantes, e que, nessa qualidade, pouco ou nada fizeram para marcar a diferença no seu próprio País. De vez em quando desempenham o papel do inacessível para seduzir o outro, que pode ser o próprio jornalista que convida e entrevista. E é a partir daqui, entre jornalista e convidado/analista, que nasce uma relação de cumplicidade estratégica que passa por conhecer à cabeça as perguntas e as respostas, num quadro de previsibilidade intelectual que nem um cágado espanta. Quando este quadro de relação se instala em certos media em Portugal, estamos perante um caldo de cultura em que os seus protagonistas têm necessidade de compensar os seus defeitos e medos, e, como compensação dessas faltas, escondem as suas ansiedades e acabam por revelar qualidades que manifestamente não têm. Sempre que ligo a tv e vejo qualquer programa de análise política ao cabo de 5 min. estou a detectar a vigência grotesca deste mecanismo de cumplicidade falhada - entre entrevistador e entrevistado, entre jornalista e analista. Que, em inúmeras circunstâncias, mais parecem dois patos-bravos num concurso de tiro-ao-prato, que era uma modalidade que antes se praticava muito. E isto é lamentável, seja para o poder em funções - porque é ilegítimamente atacado; para a aposição - que ao não fazer o seu trabalho de casa se vê substituída por certos analistas e produtores do abismo; e, em última instância, pela sociedade que assim enfarda gato por lebre. Infelizmente, nem todos têm filtros epistemológicos para perceber em minutos estas falsificações da realidade, ainda que todos comunguemos da ideia de que Portugal é um País pouco desenvolvido, tem problemas na educação, na justiça, no emprego e na economia em geral se comparado com os países da UE onde estamos integrados. O que já sucedia ao tempo em que Medina carreira era ministro das Finanças, embora hoje esses indicadores socioeconómicos tenham beneficiado de melhorias significativas no tecido social e económico nacionais. Chegados aqui percebemos que entre esses dois players, o jornalista que convida e o analista que é convidado e alí está a interpretar a realidade sociopolítica nacional, existe uma mentira, aquilo a que os psicólogos designam de colusão - que significa o entendimento secreto para se enganarem reciprocamente. Na prática, o jornalista já vai para a entrevista prediposto a pintar de negro a acção do Governo em funções; e, por seu turno, o analista convidado - também está disposto a agravar esse cenário de que o País está à beira de implodir e, portanto, só lhe resta dirigir-se a Cascais e mandar-se pela boca do inferno. Cada um mente como pode, e nenhum contraria o outro nesta dupla mentira que já se institucionalizou em Portugal entre alguns jornalistas (menos sérios e parciais) e alguns analistas (com maior azedume ou despeito para com o poder em funções). Ambos, portanto, encontram a sua sessão de terapia em dizer mal, muito mal de preferência. Jornalista e analista pôem em marcha o seu falso "eu", sendo que o outro aceita-o, encara-o até como bom para, por sua vez, fazer aceitar a falsa imagem de si que também põe em movimento. É desta forma, meio canalha e mui velhaca, que ambos fingem e não podem deixar de fingir que aquilo que pensam corresponde exactamente à realidade. E assim, em certos media, se vai fazendo jornalismo e análise política em Portugal. E isto é lamentável pelas razões supra-referidas: seja porque são os media que passam a atacar o Governo em vez de ser a oposição a fazê-lo, e porque, in extenso, a sociedade é enganada pelas má consciência das falsas análises que certos catastrofistas e profetas da desgraça se esforçam por debitar nas estações de tv onde comem o pequeno-almoço, almoçam, lancham, jantam e acabam por cear. Num conúbio lamentável entre o mau jornalismo e a deturpada análise. Chego até a pensar, num esquema mais cinematográfico, que esta gente diz o que diz, na ânsia de ganhar um Óscar da Desgraça, que, creio, ainda não foi instituído, mas por este andar sugerimos aos organismos competentes que o instituam com vista à sua atribuição. E que Belém, no dia 10 de Junho, já por ocasião do Dia das Comunidades e de Luís Vaz de Camões - o PR possa também atribuir a medalha ao jornalista e ao analista que mais contribuíram em Portugal para deprimir os portugueses, baixar a cotação das acções em bolsa, afogentar Investimento Directo Estrangeiro e dar má fama de Portugal abroad. À cabeça, estou já a lembrar-me dum jornalista e dum analista, ambos deveriam receber essas medalhas da Desgraça - pelo mau serviço que têm prestado ao País no exercício subversor das suas funções.
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