segunda-feira

Pobre Manuel Alegre... "Toca e foge"

... Curiosamente tive um colega de faculdade cuja particularidade era ligar e desligar para os telemóveis do amigos a fim de que estes, de seguida, lhes ligassem e, desse modo, pagassem a chamada. O tipo fazia isso não só com as chamadas telefónicas, como com as boleias, as impressoras, o PC..., qualquer coisa ou necessidade servia ao parasita para se aproveitar da boa vontade dos amigos e, desse modo, obter os favores que pretendia. Passou a fazer disso um modo de vida.
A dada momento, o pelintra queria casa, cama e roupa lavada. Um dia chegou até a apresentar-se em casa de um terceiro amigo com um sacão de roupa para que a máquina deste lavasse. Era um verdadeiro "artista". De expediente em expediente, rodando todos os amigos, chegou a um ponto em que terminou a "mama" e o dito cujo teve de emigrar. Hoje é tarefeiro numa embaixada no Norte d' África, mas para quem não o conhece diz que é diplomata e anda de chauffeur. Ou seja, continua na mesma.
Como cedo percebeu que eu percebi quem ele era passou a detestar-me. É normal. Nenhum artista (com predisposição para o vigarista) gosta de ficar com a careca à mostra, mas além duma fraca cabeça trata-se duma pessoa desinteressante. Daqueles que mesmo vivendo 200 anos nenhuma contribuição útil deixariam à sociedade.
Hoje ao ouvir António Vitorino a caracterizar o poeta-deputado Manuel Alegre como um toca & foge, lembrei-me desse meu colega, o artista do Alentejo emigrado na capital para viver do expediente dos amigos.
Mas aqui o ponto é o que deseja Alegre, condicionando a sua conduta política, ou "limbo" como António Vitorino designou - para qualificar essa relação de ambiguidade que Alegre mantem com o PS. Por um lado, não pode romper com o seu partido de sempre, sob pena de perder eleitorado caso apresente a sua candidatura a Belém patrocinada pelo seu velho partido; por outro, deseja guardar distância de Sócrates para pescar eleitorado nas águas à esquerda do PS.
António Vitorino chamou-lhe limbo no quadro da sua estratégia de toca & foge; José Lello, noutro registo, disse que Alegre não tinha carácter pelas sistemáticas faltas de solidariedade para com o seu partido.
Aqui pouco importa a definição para fixar a conduta ao poeta-deputado - que todos já perceberam qual é: oportunista. Mas é óbvio que este mau deputado tem revelado uma falta de personalidade política e uma gritante falta de coragem ética e moral. Sob aquela voz grossa Alegre, em rigor, nem partido merecia ter, e se fosse um homenzinho com vontade própria já se teria afirmado com dignidade, e não pautado a sua conduta como um envergonhado incapaz de sair da gruta e aceitar as consequências dos seus actos.
Marcelo diz que Alegre anda a fazer a "esparregata", Vitorino diz que o poeta está no "limbo", Lello diz que o deputado não tem "carácter". Todos avançam uma parte da verdade.
Pergunto-me o que Manuel pensará de Alegre?!
Coisa boa não é, seguramente...