domingo

As marcelices da república

Hoje o douto Marcelo fez uma correlação interessante entre o regresso do velho leão do BCP, Jorge jardim Gonçalves, e o aumento da expressão socioeleitoral do BE e do PCP. Infelizmente, o comentarista tem razão, quando um presidente de um Conselho de Administração do maior banco privado português empresta elevadas somas de dinheiro a familiares próximos e recorre a uma parafernália de expedientes que se integram na contabilidade criativa do banco para aquisição de acções, só pode gerar instabilidade nesse banco e no sistema financeiro no seu conjunto.
O desgraçado do "zé povinho" que pediu um empréstimo para compra de casa não goza de nenhuma vantagem, as taxas de juro e os spreads são implacáveis com ele, mas os prémios dos administradores e a relação de benefícios que Jardim Gonçalvez instituíu no bcp relativamente a um conjunto de pessoas que lhe eram próximas, seja pelo vínculo de sangue seja pela fidelidade pessoal e profissional - geram um efeito contrastante miserável na sociedade que tal injustiça só pode ter um resultado: o aproveitamento político dos partidos mais à esquerda que racionalizam politicamente esses escândalos do sistema financeiro português, onde também estão metidos o BPN e o BPP, ambos com motivações e modus operandi distintos, mas nenhum visava o bem comum nem a beneficência aos mais pobres, muito menos a transparência do mercado - que acabou por ficar distorcido.
Depois Marcelo inovou e como não quer que o seu colega e constitucionalista Jorge Miranda seja empossado no cargo de Provedor de Justiça (ainda por cima proposto pelo PS), Marcelo tratou logo de alterar o perfil do cargo de molde a que o prof. Jorge Miranda não se lhe subsumisse. O que Marcelo disse foi lamentável: que Miranda, por já estar em fim de carreira na AP e não ter apetência pelas Tecnologias da Informação e Comunicação - é um info-excluído, por isso, corolário de Marcelo, o cargo de PJ deverá ser preenchido por alguém em início de carreira e com um perfil mais modernizado. É triste que um ilustre docente faça isto a um colega seu, igualmente distinto. A guerrinha de nomes para PJ até já chegou ao mundinho do comentário político.
Será que Marcelo está com inveja do cargo se atribuído a Jorge Miranda, já que perdeu as chances de ser edil da capital, foi chumbado na possibilidade d'ir a PM e sentar-se no cadeirão de S. Bento e também já perdeu as esperanças de se apresentar na corrida a Belém, na medida em que Cavaco desejará fazer um 2º mandato...
Quanto ao mais Marcelo é prevísível: concordou na reeleição de Durão na Comissão Europeia, porque, disse, fez um bom mandato: "geriu bem os equilíbrios e goza do apoio de Gordon Brown e Zapatero". Mas que "belo" apoio de Marcelo a Durão. A fundamentação do comentarista é translumbrante e denota também a ideia geral que Marcelo tem da Europa: equilíbrios. Isto, no mínimo, é lamentável.
Poderia, ao menos, apresentar uma única razão substantiva que justificasse essa reeleição, e aquela que nós encontramos aqui é que Durão faz menos estragos a Portugal estando em Bruxelas. Pois que fique...
Dito isto, até me apetece citar o zeze camarinha do Allgarve, numa das suas frases mais sintomáticas que aqui damos aplicação quando ouço certos e determinados comentários de Marcelo:

I DO NOT SEE THE POINT OF A HORN
trad. Não vejo a ponta de um corno