sexta-feira

TGV: Declarações de Manuela Ferreira Leite recebidas com surpresa em Espanha

Nota prévia:

Imagem é nossa. Mas facultamo-la à Lusa. Quer dizer, aos espanhóis...

Madrid, 16 Jan (Lusa) - Líderes de vários partidos espanhóis criticaram hoje os comentários da presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite sobre o TGV, afirmando que o projecto é essencial para as ligações entre Portugal e Espanha e que deve avançar. Ouvidos pela Lusa, os representantes das várias forças políticas declararam-se surpreendidos pelos comentários da líder social-democrata, com um responsável do PP a considerar mesmo que o PSD se deve "retratar".
Em entrevista à Lusa, Anton Louro, deputado do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) considerou os comentários da líder social-democrata "surpreendentes e contracorrente" e representando "apenas uma minoria dentro do PSD".
"Não dou crédito a que uma líder que aspira ou pretende alcançar a confiança do povo português possa comentar com frivolidade estes dois projectos que são de interesse estratégico para Espanha e Portugal", afirmou à Lusa.
"São projectos que têm o aval da UE e que comprometeram as principais forças politicas de Portugal e de Espanha, incluindo o PSD", sustentou.
O deputado socialista espanhol recordou que tanto governos conservadores como socialistas dos dois países deram o aval aos projectos, "que começaram a tomar forma a partir de 2003, na cimeira da Figueira da Foz.
"Os dois governos, e antes eram governos conservadores, comprometeram-se a trabalhar com rigor nestes projectos, que melhoram a mobilidade e a integração hispano-portuguesa", disse.
"Por isso fico surpreendido que em Portugal ou em Espanha alguém possa dizer o que a líder do PSD pode estar a dizer. Não acredito que possamos dar marcha-atrás neste projecto", acrescentou.
Para Anton Louro, quem agir contra estes projectos "não terá a confiança nem em Espanha nem em Portugal".
Questionado pela Lusa, Andrés Ayala, porta-voz do PP na Comissão de Fomento do parlamento espanhol, considerou os comentários de Manuela Ferreira Leite "incompreensíveis e surpreendentes" já que vão contra compromissos de sucessivos governos dos dois países.
"É uma opinião incompreensível. Este é um projecto prioritário da rede transeuropeia de transporte, onde há oportunidade de aplicar fundos europeus", disse.
"É um projecto vital para a permeabilidade fronteiriça entre Portugal e Espanha e para canalizar os tráficos não apenas de passageiros mas de mercadorias, visto que afecta também os projectos europeus de conectar Sines e o porto de Algeciras com Paris", frisou.
O deputado popular considera que o projecto do TGV "é uma questão de Estado" acima de questões partidárias, foi inicialmente negociado por governos do PSD, em Portugal e do seu partido em Espanha e foi aprovado por subsequentes governos.
Nesse sentido considera que o PSD se deve "retratar" e que o governo espanhol não pode usar os comentários para "atrasar ainda mais o troço espanhol da ligação" onde "já se verificam atrasos".
Para Francisco Rodrigues, deputado do Bloco Nacionalista Galego (BNG), as declarações de Manuela Ferreira Leite são "especialmente inadequadas" e devem ser vistas "muito negativamente".
Em declarações à Lusa, o deputado galego afirmou que a posição de suspender as ligações de alta velocidade representam "não querer enfrentar o problema da necessidade de abertura territorial entre Galiza e Portugal" com "um modelo ferroviário adequado ao início do século 21".
"As declarações da líder do PSD são especialmente inadequadas e merecem críticas. Esperamos, naturalmente que o governo português continue a apostar neste projecto", frisou.
"É um projecto fundamental do ponto de vista económico e do ponto de vista das relações económicas, politicas e sócias entre Portugal e Espanha e, no nosso caso, entre Portugal e a Galiza", disse.
Manuela Ferreira Leite afirmou quinta-feira que se formar Governo riscará o investimento na rede ferroviária de alta velocidade (TGV) por considerar, em entrevista á RTP que "na situação actual do país, que está com um nível de endividamento absolutamente incomportável, não é possível fazer investimentos - sejam eles quais forem - que impliquem grandes importações".
Os comentários de Manuela Ferreira Leite foram feitos horas depois de parlamentares portugueses e espanhóis terem aprovado, em Zamora (Espanha), um documento conjunto em que instam os dois governos a acelerarem os projectos de ligações ferroviárias e rodoviárias entre Portugal e Espanha.
Este documento foi assinado no 1º Forum Parlamentar Luso-Espanhol, de preparação para a cimeira luso-espanhola da próxima semana, em que participaram delegações lideradas no caso português por Guilherme Silva (PSD), vice-presidente da Assembleia da República e Ana Pastor (PP), vice-presidente do Congresso de Deputados espanhol.
Depois dessa reunião, Guilherme Silva disse à Lusa que apesar da pressão económica actual é vital que se continuem a intensificar as ligações ferroviárias e rodoviárias entre Portugal e Espanha, o que em muitos casos pode igualmente ajudar a desenvolver zonas transfronteiriças carências.
Especial prioridade, sustentou, deve ser dada às ligações ferroviárias de mercadorias, "para descongestionar a intensidade de tráfico rodoviário de mercadorias, entre os dois países e para o resto da Europa".
Ana Pastor disse na quinta-feira à Lusa que o comunicado final do fórum insta os dois governos a "acelerar a execução dos projectos", incluindo com "aumentos das dotações orçamentais", para que se possam cumprir "os projectos da rede transeuropeia de transportes".
Anton Louro, que também participou no encontro de Zamora, recordou que na reunião "os deputados espanhóis e portugueses das várias cores politicas, incluindo PSD, mostraram uma total coincidência de critérios nesta matéria".
"Há que romper barreiras, baixar fronteiras, e fazer muitos e melhores caminhos, que nos permitam conhecer mais e melhor, que nos permitam trocas comerciais, e levar e trazer produtos e mercadorias", afirmou.
Andrés Ayala relembra que os deputados do PSD que participaram no encontro de Zamora não só assinaram o documento final "em que se incentiva os governos a fazerem maiores investimentos para cumprir estes projectos" mas "manifestaram-se de acordo que deveria fazer-se especial finca-pé em avançar com todos os projecto de conexão viária e ferroviária".
© 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Obs: Ferreira leite já tinha o PSD, as sondagens e a sociedade portuguesa contra si. Agora arranjou mais um "inimigo": o reino de Espanha.
Um dia a srª Leite quer exilar-se para escapar ao stresse da Lapa e não tem destino que a aceite.
Pergunte-se a Durão Barroso o que pensa da opinião da sua ex-ministra das Finanças e de Estado acerca do "riscanço" do TGV...
E para sermos sérios seria interessante demonstrar técnicamente se a projecção, desenvolvimento e concretização da obra não incluiria emprego e tecnologia nacionais. Esse argumento de que o TGV não integraria os recursos nacionais (humanos e tecnológicos) ainda está por demonstrar.
Realizem-se os estudos técnicos e apresentem-se as concluões.