segunda-feira

Ecos da República. O psicodrama do momento - o Freeport -

Marcelo Rebelo de Sousa reportou de Angola os cenários que podem atingir o PM através do caso Freeport - para concluir duas coisas: com famílias daquelas não é preciso ter inimigos; e que este ano de 2009 - por ser um ano difícil - tem pena por não ter um PM com a energia indispensável para os desafios do futuro. O que revela que o comentador nunca depositou a mínima credibilidade na actual presidente do seu partido com vista a criar uma alternativa política em Portugal.
Oxalá que o PM tenha podido ouvir estas palavras de Marcelo, porque só revelam uma consideração política que aqui desconhecíamos.
Coitada da Manuela, nem nestes momentos de parasitagem política ao PM ela goza de um mimo, um cafuné do professor.
Sócrates na "outra banda" (Almada e Setubal) a apresentar mais Investimentos Público gerador de emprego. Parece que Sócrates resiste bem às pantufadas. Já aqui lhe demos um prémio frenético por ser o PM português mais workaholic, goste-se ou não dele. Faz o que tem a fazer: governar. Louçã, tirando os momentos de maior facciosismo e excitação esganiçada, tem razão quando reclama pelo termo das Off-shores - cuja finalidade conhecemos. De resto, Sócrates na sua moção à apresentar ao Congresso em Fevereiro - aponta nessa direcção, em particular mexer nos escalões de IRS de pessoas de elevado rendimento para aliviar as de menores rendimentos, e assim fazer mais e melhor justiça social pela via da redistribuição dos impostos. Sócrates, por ironia do destino, tem aqui o combustível útil para - em breve - olhar para as off-shores com outros olhos - já que vai mexer nos impostos.
Louçã sentir-se-á útil à República - agora que ficou sem a bandeira dos casamentos homosexuais acolhida pelo PS e, na volta, ainda apresenta um requerimento em S. Bento para que o PM aceite uma entrevista, perdão, um debate com ele na TV. E ao invés de Ferreira leite - cuja iliteracia até à economia chega, Sócrates podia aceitar debater com Louçã, sempre seriam mais uns votos do BE que emigrariam para o PS, e assim reforçar as condições objectivas de consecução da reclamada 2ª maioria absoluta. Como diria o outro, são os nossos inimigos que são os nossos amigos.
Mudando de assunto: Sully é o herói do momento. Fez várias coisas originais. Salvou pessoas e amarou aquele pássaro na água sem que o aparelho se fragmentasse ou alguém se afogasse. Foi obra. Na Lapa já se ouve a madrinha do António Preto dizer que era um piloto daqueles que ela desejaria ter lá em casa...
O piloto é casado e bem casado. Azar.
O ex-secretário de Estado do Ambiente pareceu-me tão seguro quanto convincente. Pareceu verdadeiro. Aguardemos pelos desenvolvimentos para corroborar esta convicção. Só a SIC é que o ouviu. Estranho!!!
Este ainda não é herói, mas está em vias de o ser. É o Smith ou, como diria o outro da Madeira, referindo-se ao PR, o sr. "Silva". Tenho para mim que as declarações deste senhor irão embaraçar muita gente, ou seja, alguns jornalistas do sol, Púbico, tvi e mais alguns. Numa palavra, os jornalistas de investigação irão ficar muito tristes quando ouvirem o que o sr. Silva tiver para dizer. Para certos jornalistas é sempre um drama quando não há sangue. Um amigo dizia: no blood, no money. Isto evoca-me uma outra tirada dos Algarves da década de 80 ainda mais engraçada quando alguém dizia: no money, no fodddey. É a vida.
Numa penada o Jumento retrata (abaixo) não só o sr. Silva (Smith) como também a eventual trama das circunstâcias que explicarão toda esta exaltação lusitana com ramificações às terras de Sua Majestade. Ainda por cima por causa dum shopping falido que fica no "cú-de-Judas".
Presume-se que a falta de clientes também seja por causa da má vontade e do feitio de Sócrates.
Como lição suprema: Sócrates, doravante, terá de se prevenir contra duas coisas: com alguns membros da família; e deixar de ser anjinho.

Por último, uma tirada do chato de Os Contemporâneos, desta vez mimoseada junto da estátua do nosso grande e genial Fernando Pessoa - a quem o autor, as usual, também mandou trabalhar. O actor engendra um pequeno psicodrama em torno do escritor e depois recria todos os seus sonhos, delírios, produções. No caso de Pessoa - a sua maior originalidade foi a assembleia de heterónimos que criou para desenvolver e desdobrar os seus personagens, mostrando os vários "eus" que habitam cada um de nós, e a dada altura diluem-se as fronteiras entre a ficção e a realidade.

Ora, Portugal atravessa uma crise económica, financeira e social, como toda a Europa. Esta pressão provoca em cada um de nós representações diferenciadas para reagir aos constrangimentos, e são essas diversas formas de reacção que entroncam com boa parte da produção pessoana. Hoje, face aos problemas colectivos, Portugal terá de fazer uma improvisão dramática do seu próprio destino a fim de atingir o tal efeito de catarse: catarse económico, financeiro, social. E agora temos mais um: catarce do Freeport.

Os tugas são assim: de catarse em catarse até à terapia final. Chamem o sr. Silva, please...

Será ele que irá dar pão e circo à plebe. Mas já não creio que os jornalecos do costume aumentem as tiragens...

Poupa-se o dinheiro do psiquiatra e também não se sujam as mãos.

Desde que aprendi a mexer nos botões da Internet nunca mais comprei um jornal de papel (desde o séc. XX, portanto), tamanho é o prejuízo - por lucros cessantes - que dou a essa malta.