segunda-feira

O novo (efeito) D. Sebastião na política à portuguesa...

Não se sabe ao certo quem é este personagem. Há quem diga que será o novo candidato ao psd, uma versão mais sofisticada de líder emergente do BE, um estilo mais Hugo Boss do camarada Jerónimo de Sousa, o sucessor de Alberto Jardim da Madeira, o novo governador do BdP (mas só 2009, evidentemente) ou ainda alguém que pretende copiar o estilo gravateiro de Paulinho Portas que tomou a iniciativa de proceder a um inquérito parlamentar para apurar os factos relacionados com o bpn e as declarações Dias Loureiro vs António Marta (o novo desporto dos tugas).
De entre esse turbilhão de possibilidades - a coisa adensou-se ainda mais com o nevoeiro trazido pelas declarações de sua Exª o sr. PR - reportando-se ao seu plano de poupanças e reformas quando, na realidade, o que estava em jogo era a confiança política a um seu destacado Conselheiro de Estado, ex-ministro e amigo pessoal.
A este efeito-nevoeiro na política à portuguesa, à falta de melhor definição, podemos defini-lo por novo efeito D. Sebastião. Por que razão tal sucede? O caos de algumas declarações - por vezes - ofuscam mais do que esclarecem. Portanto, esse caos informativo decorre, precisamente, de uma espécie de esquecimento geral de tudo a que originalmente aspiravam os homens.
Hoje, pelos vistos, ninguém pede o que deseja, todos pedem o que fantasiam poder obter. Cedo o mundo esquecerá o que o homem pretendia primeiramente e o próprio homem depois de uma vida política bem sucedida e vigorosa, também o esquecerá.
Isto conduz a política em Portugal a uma espécie de motins ocultos, mas que acabam por ter um efeito extravagante quando vertidos em algumas declarações administrativas secundárias, que ainda lançam mais o pandemónio na polis.
No fundo, e em inúmeros aspectos, a forma de fazer política em Portugal recuou à década de 80 do séc. XX. Alinhada em pacotes de tabús, mais ou menos compactados, com pósinhos e especiarias a preceito, para a devida alquimia política. Só que, pelos vistos, a emenda é pior do que o soneto. As últimas declarações de Belém, com o devido respeito ao Chefe de Estado, evocam-me essa alquimia em que já ninguém acredita.
No fundo, se pedíssemos qualquer coisa abstracta, talvez algo se obtivesse de concreto. Como o que se pediu era algo de concreto - Belém - respondeu com o plano de poupanças e reformas do próprio Chefe de Estado. Tão estranho quanto caricato. Ou foi, meramente, um golpe de teatro para procurar ocultar aquilo que urge esclarecer?!
Urge rever o modelo e também o estilo e o conteúdo da comunicação política de Belém. Hoje ela ofusca mais do que esclarece, e sem nenhuma razão aparente para o efeito.
Estes pequenos erros políticos, creio, fazem com que o actual PR perca mais votos do que o actual PM com a contestação dos profes e sindicatos ao modelo de avaliação em Portugal.
Belém deveria pensar nisto, em lugar de se autopromover com entervistas que não valorizam o bem comum que Aristóteles falava.
E quem avisa...
Afinal, a grande dúvida parece saber quem é, de facto, este novo D. Sebastião da política à portuguesa?!
PS: O profeta das missas domingueiras, Rebelo de Sousa, ameaça, de novo, dar o mergulho no rio Tejo. Sugira-se ao professor de Direito que, desde já, solicite a Belém a sua demissão do Conselho de Estado para melhor fazer campanha e escavacar o que resta deste miserável PSD. E além do rio Tejo sugira-se também a Marcelo que mergulhe também em piscinas - não vá bater com a cabeça em alguma trave-mestra de alguma ponte em construção no âmbito da TTT. Assim, em vez de Marcelo humilhar semanalmente a srª Ferreira leite pela correcção das gaffes que vai cometendo (como se estivesse a corrigir os seus alunos em sala de aula) - avança ele para a liderança do partido hoje. Aliás, já esteve e terminou da forma que conhecemos: com Paulinho Portas a mandar às urtigas uma aliança top-down que ninguém percebeu para que servia. Marcelo tem de perceber uma coisa: sabe fazer análise política, e é aí que deverá ficar.
De caminho solite-se também ao sr. prof. Marcelo que deixe de invocar o nome de Cristo e, directa ou indirectamente, associá-lo a seu nome. Além de um abuso roça a blasfémia. E também não é por essa ressonância beata que os portugueses passarão a acreditar nele.