sábado

António Borges e a volatilidade. A física de partículas...

Recentemente um dos cem Vice-presidentes da Goldman-Sachs defendeu, curiosamente, numa 5ª feira - que o famoso sub-prime era uma magnífica aplicação, logo seria uma aplicação geradora de valor, nunca um factor de crise ou de recessão na economia. Borges era, pois, um adepto de que o sub-prime.
Bem ou mal, o valor dos imóveis conheceu um limite. Em qualquer mercado sabemos que o valor das casas desceu drásticamente. Não apenas pela crise hipotecária resultante dos empréstimos massivos que os consumidores fizeram à banca, como o aumento da oferta de casas novas acelerou essa confusão no mercado, além de toda a economia de casino - altamente artificial - ter contribuído para essa bolha especulativa que ora estourou.
Hoje, à margem duma conferência da Pricewaterhouse Coopers, António Borges lá disse as banalidades que qualquer economista aflito diz quando no passado recente falharam todos os seus desejos e previsões - ao afirmar que a falência do banco Lehman Brothers poderia ter sido evitada, porque foram recusadas ofertas de compra, consideradas na altura de muito baixo valor, mas que hoje seriam «muito boas». [...]
Não se percebe, contudo, se Borges deseja que o mercado funcione ao estilo da mão invisível de Adam Smith, ou opere de modo mais intervencionado, regulado. Já que fala em correcção no mercado e isso passa pelo desaparecimento de instituições e pela fusão de outras.
E adianta:
«A fusão é a forma mais fácil para resolver problemas financeiros e é melhor do que uma falência», disse. [...]
Fiquei com a leve sensação de que perante o seu reconhecimento íntimo de que o PSD sózinho não vai a lado nenhum, sobretudo com a sua madrinha à frente da Moviflôr da Lapa, Borges admite uma fusão do seu PSD com o PS.
Ficando aquele, naturalmente, a operar como uma espécie de filial do PS e Borges ficaria como administrador-delegado para as questões não-económicas, já que em matéria de tirocínios nessa área - estamos conversados.
Ainda veremos Borges conferenciar sobre o Ambiente e a necessidade da reciclagem para o séc. XXI. O que dirá então...
Quer-me parecer que além da volatilidade do próprio pensamento deste estrangeirado, Borges deveria dedicar-se mais à física de partículas, e estudar os elementos constituintes da matéria, sua radiação e interacção.
Talvez aí constatasse que as suas palavras tinham o mesmo valor de certos perdigotos jogados para a atmosfera pela janela de um carro à velocidade de 220 Kil.