Cavaco-esfinge: o princípio do fim...
É sabido que o PR, Cavaco Silva, teve uma actuação desproporcionada na blitzkrieg comunicacional que impôs ao País a semana passada a propósito do Estatuto Jurídico dos Açores. E depois de ter passado a informação para O Público - irrompeu como uma esfinge - qual criatura mítica, de face geométrica querendo, com aquela declaração extemporânea, fazer nada mais do que uma mera demonstração de poder ao País, e revelar que, afinal, é ele que é a pirâmide do sistema constitucional em Portugal. O guardião do templo, o falcão que põe e dispõe - viabilizando ou enviando para o TC para aí apreciar a fiscalização preventiva e sucessiva da constitucionalidade ou mesmo vetando politicamente - das leis da República. Tudo isso decorreu sob o signo e delimitação do Estatuto dos Açores, mas, quando, amanhã, questão análoga (ou outra decorrente de um conflito de interpretação sobre o Orçamento e as transferências de verba para a Madeira) se colocar ao Al berto João - o que terá Cavaco para dizer ao País?! Calar-se-á - como fez da última vez que foi à Madeira e nem sequer foi recebido, como devia, pela Assembleia Legislativa Regional?! Será que convoca uma conferência de imprensa nos mesmos moldes seguido de um comunicado à nação? Escolhe o Youtube para pôr o sr. Alberto João na linha (se é que tem coragem para tal, sob pena do "outro" lhe voltar a chamar o "sr. Silva!!!"? Envia um mensageiro às 3 da madrugada entregar uma nota política ao sr. Fernandes do Público? Pede ao dr. Fernando Lima que volte a escrever no DN donde, aliás, foi tão maltratado desde a última vez que o dirigiu? Faz um simples comunicado à porta da vivenda Mariani - reportando directamente do Allgarve? Enfim, as opções comunicacionais são múltiplas e todas estão em aberto, até duma janela dourada do Estado do Vaticano - essa blitzkrieg pode irromper, o problema é, essencialmente, determinar o conteúdo que se escolhe para informar essa mensagem. Por vezes, quando nada se tem para dizer, o melhor mesmo é estar calado, sob pena de se esvaziar as funções politicas, constitucionais e até simbólicas inerentes à função de PR. Desrespeitar esta regra básica que preside à lógica do poder, que não está escrita na Constituição da República Portuguesa, é incorrer num erro crasso em termos políticos. Um erro que será, seguramente, sinalizado nas próximas sondagens de opinião - e estas indicarem um cartão vermelho a uma esfinge que muito perdeu em ficar calado. Há também quem diga que Cavaco não tomou os comprimidos, enervou-se e depois foi o que se viu... Por momentos até pensei que aquela faladura era uma resposta ao replay às farpas mal-educadas emanadas do sr. Al berto (que só sabe pedir dinheiro e mais dinheiro ao Continente)!!!
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