quinta-feira

Uma troika de narrativas: Cavaco, a Polícia e os Novos Pedintes. Um retrato do Portugal contemporâneo

Ao Cavaco rigoroso, sem dúvidas e de que nunca se enganava, recordando a sua qualidade de PM, segue-se uma nova imagem: a de Cavaco-blitzkrieg que se apresenta ao País com um mistério para comunicar. Ora, o País está a banhos, a estação-estúpida colonizou os noticiários de todos os mídia, ninguém presta atenção a nada senão ao bronzeador e ao momento de lazer que o momento estival proporciona, mais ou menos, a cada um de nós, e Cavaco, do alto de Belém, quer chamar a atenção do País de que tem um mistério que deseja partilhar.
No mínimo - estranho!!! Até apetece interpelar o supremo majistrado da nação no sentido de saber se o Banco de Portugal está em vias de vender ao desbarato na Feira da Ladra as barras d'ouro que tem guardadas nas caves; se Constâncio teve outra ideia genial - desta feita de propôr que a Central Nuclear para o País seja plantada na Serra da Arrábida ou nas dunas do Guincho; se bin Laden tem alguma surpresa reservada para este canto da Europa ou se deseja apenas rebentar com a Torre de Belém e os Jerónimos (poupando o CCB porque se trata do simbolo do cavaquismo e é onde Big Joe Berardo tem a sua colecção d'arte); se Portugal vai sair do Euro; ou romper a nossa tradicional ligação politico-militar com os EUA - expulsando-os da base das Lages nos Açores para lá criar um circo permanente para que Alberto joão Jardim da Madeira possa representar os seus números mais espectaculares e assim divertir o "contenente"..
Enfim, já se sabe que o ambiente económico é crítico, tem uma dimensão preocupante porque é simultaneamente conjuntural e estrutural, a economia não cresce como se desejaria, as previsões dos organismos internacionais para o crescimento económico nacional são revistos em baixa, o Inv.Directo Estrangeiro - apesar da crise - ainda tem sido um factor e uma vantagem que o Governo em funções tem sabido gerir e atrair (ainda que Belém pudesse coadjuvar mais nesse sentido estratégico), os indicadores de consumo e de endividamento são preocupantes. Portanto, Cavaco como os 10 milhões de portugueses, sabem que os tempos são difíceis, porque incertos, e 2009 também não oferece o paraíso a Portugal.
Ora, é neste quadro que Cavaco escolhe a transição de Julho para Agosto para dizer ao País que existe políticamente, está activo e se preocupa com os tugas. Confesso que o timing e a forma escolhidos para o fazer tem, creio, um efeito político mediático, pois Cavaco quer que os portugueses:
- o levem de férias na memória e na bagajeira
- deseja que o país saiba que tem alí um "paizinho zelador" pelos seus interesses, aspirações e expectactivas.
De resto, que mais teria Cavaco para dizer à nação que, em rigor, já nem a ela própria se ouve.
Temo que esta blitzkrieg comunicacional que Cavaco engendrou é, apenas, para dizer ao país que marca o timing político de Portugal e, porventura, dar um pequeno sinal de agrado às preocupações politicas de Ferreira leite. Sendo que tudo isto amanhã possa ser objecto de um "sukete" televisivo por parte dos autores de Os Contemporâneos. Que terão nesta iniciativa, nesta "montanha que vai parir um ratinho", mais uma oportunidade para dizer: O que tu queres é aparecer, Óooooo...
E depois ainda serão tentados a dizer, para rematar o referido sukete: Vai mas é trabalhar, vai fazer qualquer coisa d´útil p´la sociedade. Vai trabalhar como às pessoas.
Oxalá esteja rotundamente enganado, e o PR transmita ao país uma mensagem de confiança alicerçada em novos indicadores económicos que nos possam fazer sorrir no futuro próximo.
Coisas sérias: o que aqui vemos não é ficção nem uma cena de filme, mas sim a reconstituição de como um agente da PSP tentou recuperar um veículo roubado, percorrendo naquelas condições cerca de 150m, sempre com o condutor/assaltante tentando manobrar o veículo no sentido de o projectar e ver-se livre daquele "passageiro" indesejável. No final, e partido o vidro com o auxílio da cronha da arma, o agente da PSP em questão lá conseguiu imobilizar o indíviduo. É obra e merece aqui justo destaque, até porque muitas vezes estes homens e mulheres que envergam os uniformes da PSP - que ganham mal e merecem ver revistas as suas condições salariais - põem em risco a sua própria vida para proteger o bem comum que visam acautelar: a sociedade. Estas pequenas notas são-lhe inteiramente dedicados.
É assim que os "novos pobres" ganham a vida de forma criativa. Mas...
... Pergunte-se aos médicos quais a lesões cerebrais (e outras) que arranjam pelo facto de aquelas posturas os obrigar a estarem completamente imóveis durante horas, a ponto de acreditarmos tratar-se de verdadeiras estátuas. Aliás, creio até que estas são mais móveis do que aqueles actores - que as representam. Estas, pela erosão do tempo, ainda se vão partindo, ficando sem dedos, olhos, omoplatas - além de serem depósito de cáca dos pombos.
Enfim, este também é o nosso mundo. O mundo das novas estátuas-humanas.
PS: Dar eco ao chumbo do Tribunal Constitucional relativamente ao estatuto político-administrativo dos Açores poderá ser uma pedra de toque da blitzkrieg presidencial em plena silly season. Recorde-se que no início do mês o PR requereu a fiscalização preventiva da constitucionalidade do Decreto da AR que aprovou aquele estatuto. E das 13 questões levantadas por Belém, 8 normas foram tidas por inconstitucionais. A ter alguma conexão ao discurso presidencial que se realiza de 31 de Julho para 1 de Agosto - Cavaco dará um grande contributo ao futuro estatuto autonómico dos Açores e uma ajudinha ainda maior à líder (já contestada) do psd , Ferreira leite.
Aguardemos pois pelo tabú-verónico.