A verdade mata. Dita friamente, mata duas vezes... E uma verdade silenciada o que é senão uma canalhice (ainda) maior...
Geldof veio a Lisboa e partiu a loiça toda. Disse em vox-alta aquilo que o mundo inteiro sussurra... É um tipo com tomates, este Bob!!! O Macro elege-o a personalidade do Ano de 2008 em matéria de consciencialização para o desenvolvimento.
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Obs: O artista Bob Geldof veio a Portugal e diante uma plateia de luxo partiu a loiça toda e disse algo que o mundo inteiro pensa em surdina: Angola (ainda) é um país mal governado, apesar de ser um país tremendamente rico. Será má governação, incompetência das elites, nepotismo, corrupção, falta de democracia, má vontade. Será tudo isso junto!? Seja como for, os representantes angolanos desafiaram Geldof a dissipar as dúvidas do mundo deslocando-se a Angola, convite que o artista deveria aceitar, mas com uma condição: ter livre trânsito pelo território nacional e levar uma máquina de filmar a fim de poder entrevistar quem quisesse, onde quisesse e depois poder também retransmitir esses resultados ao mundo. Tenho para mim, lamentavelmente, e não terei de recordar aqui os vários batons do regime que se "refugiaram" na Fundação Mário Soares, que entre o desabafo de Geldof e a justificação institucional do representante do MPLA - aquele andará mais próximo da "verdade" dura dos factos do que este. Mas isso já o mundo sabe, ainda que em surdina cobarde...
Ou seja, na vida o Homem pode sempre escolher dois caminhos: o mais fácil, encolhendo os ombros, adoptando a postura do politicamente correcto, engolindo sapos, comendo e calando, andando curvado e amoxando aqui, alí e acolá; ou, como demonstrou Geldof (que não deve nada a ninguém e já fez mais pelo Continente africano do que Eduardo dos Santos e a sua clic que controla o aparelho de Estado) - seguiu a via mais dura, políticamente incorrecta, desenvolvimentista, denunciando aquilo que o mundo sabe acerca dum regime que de democrático nada tem, e utiliza as matérias-primas estratégicas em prol de uma clic militar que suporta há 30 anos o regime de Eduardo dos santos.
O mesmo que fala em eleições de vez em quando para "inglês ver" - enquanto o povo vive com menos de um dólar por dia e arrasta-se pelas valetas e por bairros de lata onde nada existe: água, alimentos, electricidade, esperança de vida. Nada que confira dignidade ao povo angolano. Visto a esta luz, as palavras de Geldof em Lisboa ainda ficaram aquém da dura realidade... Geldof que aceite o desafio (em nome da Humanidade) e faça a reportagem em directo de Angola. Seria uma vergonha para o poder instalado em Luanda. Por vezes a vergonha "mata"..., e também já assistimos a várias revoluções (ou transições para a verdadeira Democracia) em directo pela TV. Embora, saibamos que no caso angolano "a coisa" afigura-se bem mais difícil. Aí não há sociedade civil e quem controla o aparelho de Estado controla o País. Daí que a "revolução" tenha de partir de "fora"... Com uma câmara de tv e muita audácia. Geldof já deu o pontapé de saída. Agora só falta o Ricardo salgado Espírito santo (e outros) segui-lo nessa cruzada... Basta renunciar a alguns negócios, pôr de lado certas comissões, alienar margens de lucro e outras tantas mais-valias decorrentes dos petronegócios. Tudo em nome do bem comum da Humanidade, em prol dos angolanos - que ainda hoje morrem que nem tordos à boca de Luanda. Há convites que, verdadeiramente, aniquilam os seus fautores. Esses desafios devem ser agarrados em nome do tal bem comum da humanidade...
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