O balanço da AG do BCP, segundo o Público

Larga maioria do BCP a favor de Santos Ferreira

15.01.2008, Cristina Ferreira

Não se esperam surpresas hoje. Mas Berardo pode manter a sua lista para a comissão de remunerações e forçar a medição de forças.

Armando Vara O mais polémico

Armando Vara passou da política para a CGD e, ao fim de dois anos, vai ser eleito para o BCP. Não fez nada de ilegal, no plano jurídico, mas a decisão é discutível. O PS já veio dizer que se trata de um assassinato político. Ao deixar sair Vara da CGD, o Governo abriu o flanco, e Santos Ferreira sai chamuscado, pois não foi capaz de evitar a confusão. O percurso de Vara no BCP constitui uma incógnita? Depois de anos a trabalhar na esfera pública, como se vai adaptar ao sector privado? É um homem inteligente, e um carregador de piano, é natural que peça ajuda aos directores do BCP. Em todo o caso, o Governo não podia fechar os olhos ao que se está a passar no BCP, pois, se houvesse borrasca, seria acusado de nada ter feito. C.F.

Teixeira Duarte O derrotado

Com sete por cento do capital, a Teixeira Duarte posicionou-se para ser líder do BCP e o elo de ligação entre grupos de accionistas. Mas, sendo um investidor fraco, endividado, nunca quis medir forças nas AG. Nas várias assembleias gerais, a construtora teve oportunidade de ajudar a clarificar de que lado estava o poder. O BPI lançou-lhe uma bóia, a fusão dos dois bancos, e a TD deu indicação ao negociador, Filipe Pinhal, para chumbar as negociações. Foi o aliado histórico de Jardim, deixou de o ser quando viu que Berardo ganhava força. Perdeu a liderança do processo, mas quer voltar a ter influência. Como CEO da TD e da Cimpor, Teixeira Duarte tem obrigação de defender os interesses das empresas. C.F.

Miguel Cadilhe Saída com prestígio

Miguel Cadilhe apareceu horas antes do prazo terminar para a entrega de listas e já depois do prazo ter sido prorrogado a seu pedido. Formou uma lista em quatro dias, empurrado por princípios "de honra, ética", e após o BdP ter lançado suspeitas sobre todos os gestores e ex-gestores do BCP, ele incluído. Interveio a meio de um jogo, que já estava definido, e sem condições para reunir um volume suficiente de apoios. Olhando para as forças em presença, e para os seus interesses, percebe-se que nenhum grande accionista queira quebrar o bloco à volta de Santos Ferreira. Mesmo que tenha "um só voto", Cadilhe nunca sairá mal. O mercado gostou do gesto e sai com prestígio. Na sua deslocação ao CGS terá convencido alguns membros. C.F.

Obs: Pergunte-se ao velho jaguar - Jorge Jardim Gonçalves - onde é que ele passa a ir rezar, doravante. Inquira-se também o governador do BdP, Vitor Constâncio, se já preparou o seu Powerpoint para responder à embrulhada em que se meteu, por laxismo, certamente. Embora todos nós saibamos que o sonho de um ex-ministro das Finanças, de um ex-Governador do BdP ou de qualquer outro super-ministro seja o de ser convidado para Administrador do BCP. Parece que não se ganha nada mal...