sexta-feira

Evocação de Desmond Tutu e a lógica do complexo colonial

Vemos aqui Desmond Tutu, à direita na imagem, a abraçar Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul.

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Nesta última cimeira UE/África que foi, aliás, um sucesso no plano simbólico, político e histórico na relação entre os dois continentes - veremos agora como o seu espírito se implementa no terreno!!! - falou-se num certo espírito colonialista que ainda paira na relação entre os dois continentes. Sobretudo com o miserável e terrorista Kadafi a reclamar indemnizações aos povos africanos por essa colonização. Um terrorista a reclamar indemnizações... Meu Deus!!!

Esta velha equação de poder, mesmo sabendo que o complexo colonial demora 20/30 anos a diluir, apesar das grandes responsabilidades que actualmente têm os líderes africanos que governam África sob as regras da corrupção, do nepotismo e do saque geral para contas privadas na Suíça e no Luxemburgo, deixando o povo morrer à fome nas valetas - onde nem água potável têm para beber e lá vão sobrevivendo com menos de 1 dólar por dia, - lembrei-me desta história que, volta e meia, era contada pelo Arcebispo Desmond Tutu, um dos grandes líderes espirituais de toda a África.

Julgo que vale a pena relembrar essa história, de resto, bastante conhecida entre os missionários que chegaram a África. Estes, de facto, tinham a Bíblia e os nativos tinham as terras. Mas, a dado momento, os missionários disseram para os nativos: "vamos rezar", e estes ficaram de olhos fechados, respeitosamente.

Quando os nativos abriram os olhos eram os missionários que passaram a ser os donos das terras, e os nativos que passaram a ter a Bíblia. Os papéis inverteram-se...

Infelizmente, hoje os missionários estão personificados nas corruptas elites africanas que desde as independências capturaram o aparelho de poder e, desde então, têm feito o saque ao Continente em proveito próprio e com prejuízo global das condições de vida das populações e do ambiente daquele imenso espaço, tão rico quanto mal gerido e subaproveitado.