segunda-feira

Uma analogia lamentável: o espectáculo e a política - Santana e Meneses

Isto é que é profissionalismo
Neste vídeo vemos uma apresentadora de TV que, de súbito, tem um problema de indisposição e "manda tudo o que pensa" cá para fora. Mas no momento seguinte ela assume o seu posto de comando, ironiza, justifica e leva por diante a sua tarefa de comunicação como se nada de anormal tivesse acontecido. Ela conseguiu fazer duas coisas bem feitas quase em tempo real, ultrapassando um obstáculo delicado jogando com o timing, e foi (também) a quente que ela o fez: vomitou tudo a quente e foi também a quente que ela deu a volta ao texto com o seu profissisonalismo não dando tempo aos telespectadores para a desmerecessem. Como? Convertendo uma fraqueza numa vantagem e num trunfo.
Ora, o que é que se verifica com alguns líderes políticos da oposição em Portugal que, por não estarem preparados para o exercício do cargo, acabam por ir definhando, lentamente...
Foi assim com Santana Lopes quando teve de assumir as funções de PM, perante a deserção política de Zé durão Barroso para Bruxelas. Quem não se lembra daquela tomada de posse no Palácio da Ajuda - com Santana "aos papéis" a toque de Lexotan e com o Paulo Portas a abrir a boca de estupefacção porque desconhecia o ministério que lhe cabia; depois foi o que se viu: descoordenação total do seu governo de que o caso (de deslealdade) de Henrique Chaves e Gomes da Selva representaram dois pontos negativos dessa lamentável prestação política à República. Porventura, a mais caricata no post-25 de Abril.
Agora, temos o caso de Luís Filipe Meneses - que só ganhou as directas a MMendes à custa dos votos santanistas e da sua quinquilharia política que engrossou as hostes de descamisados e ressentidos seguidores do novel líder de facção que responde pelo nome Luís Filipe Meneses, a nova Evita Peron de Gaia como oportunamente designou a chancela do Jumento.
Vejamos agora o paralelo com o caso supra/vídeo: Meneses ganhou as directas, fez um discurso de circunstância e nesse dia desapareceu. Reapareceu ao fim de 3 ou 4 dias para entregar uma declaração aos media onde explicava que se manteria autarca de V.N de Gaia - com o eloquente Ângelo a ratificar a decisão, por ser coerente, claro está.
Depois Meneses voltou a desaparecer, e quando aparece interrompe as conferências de imprensa a meio. Naturalmente, que o faz por não ter nada a dizer e precisar de tempo para pensar sobre o que vai dizer, reunir com Ângelo e acertar, de novo, o agenda-setting para o day-after.
Ou seja, Meneses pretende afirmar-se como o maior líder da oposição e futuro PM de Portugal, mas toda a sintomatologia da sua conduta (errática), seja por acção seja por omissão, é "rocambolesca", como diria um amigo. O homem avança às arrecuas e assim dificilmente gera confiança e credibildiade junto dos eleitores e na sociedade em geral para ser o que quer que seja. Muito menos PM...
Doravante, para agravar a sua penosa circunstância, descobre-se que cometeu actos ilegais e esconde-se novamente. Ou seja, um líder para o ser tem de assumir o perfil daquela apresentadora de tv, pois mesmo diante das dificuldades ela conseguiu "dar a volta ao texto" a quente e manter-se em funções, sem interrupções de maior.
Ora, tanto no caso de Santana lopes como no caso de Luís Filipes meneses não existe aquele capacidade de prontidão, aquele profissionalismo, aquela vontade de ultrapassar os obstáculos e a ductibilidade para os contornar: quer Santana quer Meneses - a fim de não se transformarem nos novos homens-cato da sociedade política portuguesa, deveriam pôr os olhos no exemplo de profissionalismo (que lhes falta) naquela apresentadora de tv.
Até lá serão homens-cato, e quem se aproximar deles, naturalmente, pica-se...
Será assim também nas questões macroeconómicas interferentes com as políticas sectoriais, pois quando se deseja ter um PM que atraía factores de competitividade, teríamos um PM gerador de factores de repulsa internacional, e com isso Portugal empobrecia mais no quadro da Europa onde pretende convergir.