Política em discussão na tsf
Hoje a tsf fez um debate sobre política nacional e internacional e convidou António Vitorino, Pedro Santana lopes, Carlos Caravalhas, Joana Amaral dias e Pires de Lima. Do que consegui ouvir de forma intermitente deixo aqui umas notas soltas:
1. António Vitorino entende que este psd de Meneses, mormente através da sua máxima representação assessorial - via Ângelo Correia - fez uma guerra de posições, para citar o seu homónimo António Gramsci, que talvez tenha teorizado essa definição na cadeia através dos seus Escritos da Prisão.. Mas de facto parece que é disso que se trata, pois a ajuizar pelas palavras de Ângelo o psd de Meneses não quer ganhar as eleições em 2009, o que ele pretende é evitar que o PS as volte a ganhar. Perante tanta eloquência de Ângelo só me admira é como é que ele ainda não foi líder do psd. Na prática, é uma declaração política pobre e sem visão para o psd que denota uma ausência de ideia geral para Portugal que sirva de alternativa ao governo socialista.O que também não admira a avaliar pela quinquilharia política santanista que arribou à Lapa pela mão de Meneses: povoada dos descamisados e dos ressentidos. Até nisto Sócrates poderia ter tido melhor sorte, ou seja, contar com uma oposição tão mais credível quanto exigente e útil.
2. Carlos Carvalhas é o brincalhão de sempre e disse que Sócrates podia ser o Meneses do PSD, sic. Perante isto até dá vontade de dizer que Carvalhas ficou tontinho após a queda do Muro de Berlim, um dos fragmentos do Muro do seu amigo e camarada H. Honecker caíu-lhe na testa e como ainda não se recompôs a seu tempo o camarada Jerónimo reformou-o da política e agora mete-o a dizer asneiras numa rádio perto de si. Carvalhas revela uma visão velha e estática da política, não aprendeu nada com a história. Uma História que tem sido o caixote do lixo da história do próprio Comunismo, e também do comunismo português, um dos mais retrógados do mundo e que hoje afirma a sua existência em sapateadas sindicalistas onde quer que o PM vá. Logo, a agenda do pcp da Soeiro Pereira Gomes é a agenda de Sócrates.
3. Pedro Santana Lopes faz um esforço sistemático para calar Marcelo. Dantes mandava o Gomes da selva pressionar o analista através do seu fiel amigo, agora, porque os tempos são outros, é ele próprio que assume essa guerra de nervos com Marcelo instando-o a ir ao Congresso neste próximo fim de semana. Marcelo, segundo Santana, não pode afirmar-se como um agente portador duma putativa superioridade moral e depois não dar o seu contributo para o debate interno no Congresso. Pelo que Santana exorta Marcelo a aparecer, e espera que não haja nenhuma regata ou jogo de ténis que impeçam as elites de comparacer.
Diria que Santana não vive neste mundo... O populismo de Lopes até na rádio se projecta quando o mesmo diz:
Sou um soldado sempre pronto para o combate, tenho combatido sempre independentemente do posto. (sic) Eu digo: é verdade, mas a que custo para o País?! O problema de Santana decorre de três derivas: já não vivemos no cavaquismo, Sá Carneiro já morreu e ele, de facto, nunca foi PM (apenas Barroso lhe transmitiu o poder monárquicamente e sem qualquer utilidade nacional). Embora no seu imaginário exista essa façanha que depois se consubstanciou na edição dum livrinho editado pela sua amiga e colega de partido, dona Zita seabra. 4. A Joana do BE continua a ser uma rapariga interessante, cheia de sangue na guelrra, próprio da idade e das hormonas, mas excusava de ser sempre tão mortífera para o cds, dizendo que se trata dum partido em vias de extinção, facto que deprime ainda mais Pires de Lima que reportava do Norte. 5. António Vitorino, mesmo ligado ao PS ainda foi aquele que fez um esforço objectivo para pensar Portugal e equacionar o País com algum rigor e critérios que permitirão aferir o que está em curso. Ou seja, o governo cometeu erros decorrentes de excessos de zelo (repetição dos exames, o caso DREN/questões disciplinares, etc), mas também aduziu que a regra dos 3% subscritas pelo governo em matéria de orçamento se ajustam às perspectivas financeiras e que serão em função de três critérios que os portugueses terão de ajuizar pela valia (ou não) deste governo em 2009. a) A avaliação das reformas em curso (algumas de impacto no curto prazo, outros no longo prazo); b) A questão da gestão orçamental - não se podendo ser despesista e utilizar eficientemente os recursos públicos; c) Combater as efectivas desigualdades sociais do País - restando aqui equacionar que tipo de políticas públicas e de estratégicas melhor servem para servir essa causa nacional. Depois AV sistematizou algo que me pareceu realista: o teste do Tratado de Lisboa, a Cimeira Europa-África como sendo a última derradeira oportunidade para este Continente esquecido se inserir numa lógica de desenvolvimento sustentado que jamais teria se não se integrar nas parcerias desenvolvimentistas que a UE lhe poderá proporcionar sob a presidência portuguesa da UE, ainda que para isso tenha de engolir esse sapo que é o ditardorzeco do Zimbabwe, R. Mugabe. Mas Portugal já foi um império, lidou com muitos pulhas da história, também explorou pessoas e recursos naturais, por isso hoje não lhe custará fazer a quadratura do círculo e, realisticamente, fazer os acordos necessários com África - que perdeu na balança de poderes da UE a 27 (que deslocou o centro de gravidade dos interesses estratégicos desses países para o centro e leste eurropeu) e concertar as posições politico-diplomáticas necessárias, mesmo com as birras de Gordon Brown que, curiosamente, recebeu o poder de Blair de forma algo semelhante à de Santana Lopes das mãos de zé Barroso. Veremos é se os manos polacos não estragam a festa da Europa e desta presidência portuguesa. Tudo, once again, por causa do populismo das eleições polacas. Santana já acha esse conceito - populistaa - enjoativo... , Pois pudera, ele foi um dos seus artífices. Afinal, não é só na Lapa e em Vila Nova de Gaia que existem populistas... E quanto ao referendo, talvez não fosse má ideia os ímpetos e as pulsões oníricas de Joana Amaral Dias saírem um pouco refreados, porque ela poderá ter uma surpresa e o governo, a seu tempo, concluir pela utilidade do referendo ao Tratado europeu. Mas só após a ronda a todos os Estados ao Tratado e não antes. Como diz o povo, até o lavar dos cestos é vindima... E a Polónia é um País entalado e amargurado pela História do séc. XX, a qualquer momento, até ao resultado das eleições, qualquer ervilha se pode transformar numa bola de neve...
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