quinta-feira

Santana Lopes é uma espécie de Artur Riolo do imobiliário à portuguesa

Santana visto por um dos melhores cartoonistas do mundo, é português e chama-se António...
Olhando para a paisagem política nacional avisto um "elefante branco" que agora colonizou o psd por via indirecta, que foi a forma mais fácil que encontrou de se vingar do outro PSD (mais institucional): do psd de Marcelo, de Barroso e de Mendes - e até de alguns resquícios que haviam ficado do tempo pré-histórico do cavaquismo, embora Eduardo catroga, um homem de mão de Cavaco, se sente à mesa com Meneses para assim ficar uma janela de comunicação (legitimadora) entreaberta entre Belém e a Lapa que agora risca no actual psd-zinho.
Santana Lopes está à esquerda na imagem; à direita quem o vê por trás do écran
Mas o meu ponto aqui é tentar perscrutar quem é, de facto, Pedro Santana Lopes, e a imagem que tenho dele, desde os tempos da faculdade, em que era suposto ele dar uma disciplina de Direito Comunitário e nunca mais lá pôs pés é, de facto, uma imagem de pessoa altamente irresponsável e leviana que só está e aparece onde existe taxo, status e plataforma de elevação para amanhã o dito vir a ser qualquer mais do que é hoje: foi assim com a sua trajectória da Câmara da Figueira da Foz para a autarquia de Lisboa, de Lisboa para o Governo e do governo para a desgraça, e agora - qual fénix renascida, tenta desesperadamente, e à custa do médico do Norte que o Jumento cunha de Evita Peron de Gaia, subir às cavalitas de Gaia e arrivar à liderança do PSD e em 2009 bater-se com Sócrates para se vingar da derrota que este lhe infligiu em 2005.

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Estas são as nuvens turbulentas que demandam a testa de Santana Lopes e do seu séquito de descamisados e ressentidos de que Rui Gomes da Selva é o mais leal e fiel arauto.
Mas isto não explica quem é verdadeiramente Santana Lopes, um ex-assessor de Sá Carneiro e ex-secretário de Estado da Cultura de Cavaco - que só foi injectado no 1º governo deste para evitar que ele fizesse mais estragos de fora para dentro do governo. Mas Cavaco, sabe-se lá porquê, nunca fez dele ministro, sempre secretário de Estado, o que aumentou o ressentimento em Santana. E hoje temos, ainda que dissimuladamente, um homem tão complexo quanto problemático, porque condensa em si o ressentimento dos perdedores e a raiva dos vingadores.
E de Santana, além de alguns rasgos comicieiros em congressos do PSD em que incendeia as massas, pouco mais se lhe conhece, além do folclore do costume: sporting, show bizz, media, etc. Obra académica não tem, obra política não tem, ninguém o respeita nos media e na sociedade portuguesa, e até, pasme-se, na estação de televisão de Balsemão, sócio n.º 1 e fundador do PSD, lhe interrompem o discurso só porque o Mourinho atracou no aeroporco da Portela. O que não deixou de ser, à boca das eleições/directas do psd mais uma mãosinha que Balsemão quis dar a Mendes para se ver livre de Meneses e, por extensão, de Santana agora seu apêndice.
Mas isto explica verdadeiramente quem é Santana? Creio que não, o que exige da análise mais outro efeito de passagem com algum potencial explicativo. Desta feita, Santana faz lembrar o exemplo de Arthur Riolo, um reputado contador de histórias. Artur vende imobiliário, a norte da cidade de Nova Iorque. Vende imensas casas, mais do que todos os seus concorrentes juntos. Isto ocorre porque na realidade Artur não vende nada. Vejamos...
Qualquer pessoa é capaz de falar de futebol, impostos, mulheres, homens, carros, cinema. Mas Artur não. Em vez disso, o Artur faz algo completamente diferente com os seus potenciais clientes. Leva-os a passear de carro. Sobe e desce colinas de um bairro, apontando para várias casas - que não estão à venda. Diz-lhes quem lá mora, o que fazem, o que ganham, assim como o nome do cão, o número de filhos, etc...
Ou seja, conta-lhes uma história acerca do que se está a passar na cidade, das rivalidades de longa data entre bairros e da evolução desses conflitos e da sua extinção. E só depois disso é que o Artur Riolo acaba por mostrar uma casa aos seus clientes.
Decorre isto do facto de Santana Lopes ser também assim: ele nunca fala de nada em concreto, nunca é específico em relação a coisa nenhuma, nunca se centra em algo, ele apenas desabafa em público, suspira e fala através de confidências mais ou menos generalista e, ainda por cima, depois duma tentativa verdadeira desastrosa e nefasta para a nação, tem a lata de hoje estar a trabalhar arduamente para ser, de novo, PM de Portugal.
Santana Lopes é, de facto, o Artur Riolo à portuguesa, um artista português, concerteza.