segunda-feira

Marcelo, Meneses e Santana: uma troika calamitosa

Já todos percebemos que é Meneses que está entalado, neste caso entre entre o Marcelo-analista - que já nada quer da política partidária, agora só Belém lhe interessa, e o Santana polimorfo e camaleónico que, segundo o professor - renasceu das cinzas e comanda hoje boa parte do partido da Lapa cujo apoio irá ajudar o Meneses em 2009 a bater Sócrates. Eis a equação política emergente saída daquele "Congresso do Entroncamento".

E digo Entroncamento porque pela 1ª vez na história do psd um n.º2 passou a ter uma relevância maior do que o próprio líder, i.é, Santana já não anda por aí, agora ele ocupa as ruas todas da Lapa, o que também não é difícil, pois como se sabe elas são estreitas e qualquer "elefante branco" da política lusa fácilmente as ocupa. É o caso.

Portanto, na douta opinio iuris de Marcelo Santana renasceu destes dois anos de deserto na sequência da sua péssima prestação como PM de Portugal, apesar de ninguém ter acreditado que ele, de facto, o foi. Talvez estejamos perante um simulacro...

Mas quanto à substância do Congresso do Entroncamento podemos sistematizar o seguinte:

1. Quem arrivou à Lapa e colonizou as listas para os órgãos nacionais do psd foi a quinquilharia do santanismo, ou seja, os descamisados e os ressentidos de 2005. Todos juntos hoje não querem apenas demover Sócrates do poder, querem antes devorá-lo à porta de S. Bento, à saída do hemiciclo, no meio duma entrevista, no átrio das reuniões em Bruxelas, nos WC do Parque das Nações onde decorre a presidência portuguesa da UE - onde quer que ele vá o pcp e os sindicatos do costume (CGTP) já não estão sózinhos: pois a dupla maravilha composta por Santana & Meneses passam a engrossar esse capital de queixa contra Sócrates.

2. É a isso que Santana entende ser a sua ajuda a Meneses, uma ajuda fatal, acrescentaria. E com quem? Com Zita seabra, Fernando seara (da bola, o paraquedista de Sintra - que instrumentalizou a plataforma elevatória do futebol para arrivar ao poder local), o Ribau, o Gomes da Selva e mais uns resíduos cavaquistas, tipo Arlindo carvalho (ex-ministro da Saúde, sinistro, por sinal), a abtarda do Couto dos Santos (que ainda conseguiu ser pior ministro da Educação do que Pedro Lynce) e mais uns quantos que andam por aí em busca de identidade e glória que não conseguiram com Cavaco..

Tudo rebuscado, empedernido, recauchutado e é a isto que a Evita de Gaia apelida de renovação. Até apetece citar o Al berto da Madeira e dizer: isto tá udo grosso!!!

Então se é a isto que Meneses chama de renovação estamos conversados... Olhando para a personalidade sinistra de Arlindo Carvalho já estou a ver uma ponta de modernidade da reforma da Saúde em Portugal, olhando para Gomes da Selva já estou a ver mais censura aos comentadores do contra, olhando para zita seabra já estou a ver o Cunhal de saías disfarçado de mulher no psd e por aí fora... Um autêntico carnaval politico-partidário com consequências nacionais ao nível da oposição e da criação duma oposição credível e responsável. Neste particular quero crer que Sócrates e o governo socialista não tiveram sorte, razão por que terão a vida facilitada, embora deve ficar vigilante e pró-activo.

3. Santana exagera com o seu tabu quanto a assumir aquilo que até os amblíopes já viram. Ou seja, que ele já se está a pôr a jeito para ser líder "para-lamentar" desde que sonhou que Meneses poderia bater Mendes nas directas, e foi atenpadamente negociando (como qualquer negociante de cavalos) esse esquema under the table, para agora reclamar os despojos das Directas que trucidaram Mendes. Muito embora as intenções de Santana não sejam ajudar Meneses nesse sentido minimal, apenas circunscrito ao hemiciclo, mas vingar-se do PM pela derrota que este lhe infligiu em 2005 e, se os ventos para aí estiverem virados, candidatar-se a PM ante o progressivo desgaste de Meneses - que só com muita dificuldade atingirá a meta das legislativas.

Portanto, com Santama o tabú continua, e é assim porque o homem, em rigor, nada tem para dizer à República, aos amigos, aos familiares ou a ele próprio - de que já se deve achar enfadonho. Aliás, vê-lo já é enfadonho, quando diz umas frases soltas todos confirmamos a sua "clareza" de pensamento e facilidade de comunicação. Por momentos, pensei tratar-se de Silvester Stalone naqueles seus grunhidos históricos que fizeram carreira na 7ª arte. Daí a expressão - Congresso do Entroncamento...

Imagine-se o que seria amanhã Santana em S. Bento: a bocejar, a dormitar, a dizer que não fala, a mandar do Gomes da Silva bater no Marcelo com um pé-de-cabra, a mandar encerrar o Parlamento em Junho porque já começa o Sol a pairar sobre Lisboa e a Lapa quer veranear para Ibiza, etc, etc... Tudo isto é uma extensão natural daquilo que se esconde por detrás da testa de Santana.

Por mim, desejaria guardar aquela outra imagem que muitos de nós ainda guardam dele: a de que apertou a mão ao Sá Crneiro e mandou o Balsemão às malvas quando há 15 dias abandonou os estúdios da Sic, porque quando ele estava a debitar as generalidades do costume a régie mandou fazer a cobertura da chegada do Mourinho ao aeroporco da Portela.

O que me leva a supôr, na linha de telecomando de Balsemão, que o treinador especial de corrida, You know, o tal Mourinho, seria uma excelente opção táctica para o psd nesta fase errática e de transição povoada de tabús num partido balcanizado, dualizado e bicéfalo locomovido a várias mãos e cabeças neste Portugal à beira-mar plantado. Por isso, não me surpreenderia que no Verão de 2008 seja Mourinho que aterre de Pára-pente em Castelo de Vide para aí coordenar o próximo Curso de Verão do PSD no Alentejo...

Seja como for, é Meneses quem está entalado entre aqueles dopis "eléctricos", não obstante ser o líder, formal..., so far!!!

PS: Reflexão dedicada aos descamisados e ressentidos do psd, talvez daqui por uma semana concluam que o Congresso que ora encerra não foi realizado em Torres Vedras mas no Entroncamento - de que são fenómenos emergentes...