domingo

Balcanização do PSD: a dupla maravilha - Santana e Meneses - e Ângelo à rectaguarda

Meneses, Santana e Ângelo
Toda a gente que observa o fenómeno político nacional de perto sabe que Meneses ganhou as directas a MMendes por causa do apoio dos votinhos de Santana - que os canalizou para Meneses, razão por que agora tem de negociar com Lopes e dele se tornou refém. É aquilo a que ambos, por força do cinismo semântico constante da fórmula encontrada cunharam de acordo de colaboração institucional, em virtude de coincidências de pontos de vista quanto à estratégia a seguir pelo partido.
Mas que fórmula!! Pela forma trapalhona que assumiu não tenho dúvidas que foi inventada por Santana, ele próprio o maior trapalhão. Mas vejamos como é que este trapalhão se transformou num "canastrão" da política lusa... Que continua a andar por aí.
A resposta está na forma como a dupla maravilha racionalizou os despojos esbulhados ao psd de MMendes. Ou seja, Meneses elegeu-se para presidente do partido com base nos votos dos seus militantes e Santana - ainda que indirectamente - elegeu-se para a presidência do grupo parlamentar com base nos votos que canalizou para Meneses.
Desta feita, Meneses manda no partido, Santana manda no grupo "para-lamentar", de resto já feito como peça de lego à sua imagem e semelhança. Meneses lidera os caciques das distritais, Lopes patrulha a actividade lúdica dos seus deputadosinhos residentes no hemiciclo de S. Bento. Assim, um e outro dualizam o partido, consomem-no a diferentes mãos, velocidades e temperaturas. Os desmandos para os media não se farão esperar..
É óbvio que isto vai terminar mal, ainda que o eloquente Ângelo Correia passe a vida agarrado à central de comunicações, como naquele programa Quando o telefone toca - a despachar directrizes para Meneses que quando não sabe o que dizer interrompe as conferências de imprensa a meio para ligar ao seu mentor, o homem do cachimbo. Ou seja, o homem da segurança (de Meneses), por ironia do destino.
Por isso, continuo a pensar que este congresso não se devia chamar congresso de Torres Vedras mas Congresso do Entroncamento, tamanhos os fenómenos que ele tem gerado.
Novidade foi o discurso de Pedro Passos Coelho que é uma voz tão isolada quanto coerente e determinada, mas sem eco no psd-profundo. O problema de Passos Coelho, apesar de ser um tipo com carácter, é que é à muitos anos uma esperança, e, por isso, já começa a ser uma esperança velha e uma velha esperança.