segunda-feira

O discurso político: o lugar das intenções e das realidades, das sombras e dos factos. Diluir a máscara

Novos dispositivos para os agentes políticos: verdade ou mentira...
Todos sabemos que quem usa da palavra tem o poder, ainda que provisóriamente. Isso sucede com Marcelo, Vasco Pulido Valente (seu apreciador), António Barreto, Pacheco Pereira, Nuno Rogeiro, António Vitorino e muitos outros. Qualquer analista implantado no mercado da opinião tem influência, exerce alguma autoridade e, nesse sentido, também disfruta de algum poder.
Há dias Marcelo foi à Universidade de Verão do PsD em castelo de Vide contar umas anedotas, comentar os factos políticos e falar de uns mandamentos que ele entende dever ser seguidos. Mas no meio dessa floresta uma coisa irrompeu desse seu discurso, propositadamente confusionista - para baralhar, certamente. Disse que Belém estaria no seu horizonte, mas tanto poderia ser agora como após o 2º mandato de Cavaco. Seja como for, a coisa não ficou clara, como convém, e é nesta zona de incerteza, neste espaço de ambiguidade que se faz política.
Esse é o lugar das sombras e dos actos, das promessas e das realidades, das intenções e das realizações. A distância que medeia uma e outra coisa consubstancia o espaço de manobra para os players exercitarem o seu talento, projectarem os seus interesses, combinarem as suas estratégias e intervir em função duma ideia maior ou menor da gestão da coisa pública. Confesso desconhecer que lugar Marcelo tem na actual política activa em Portugal, mas o que me parece cada vez mais importante é que Portugal carece de políticos sinceros, competentes, pouco dados ao teatro e encarem os interesses da polis como se fossem os seus próprios interesses, assim ganharíamos todos.
Mas é aqui que a porca toce o rabo. Ou seja, como saber se naquele fórum Marcelo estava a afirmar uma sombra ou uma realidade, a projectar uma promessa ou a procurar concretizar um interesse. Eis o problema da imagem pública e o das realizações concretas que os agentes procuram dar de si quando falam para a plateia e, assim, procuram seduzir o povo a votar neles.
Como os políticos mentem, e alguns mentem com os dentes todos, e como também não existe ferramenta para aferir do grau de veracidade das suas declarações - tipo máquina da verdade - que também parece ser pouco fiável, só nos resta ser um pouco imaginativos e pedir aos homens de ciência que invistam mais nas chamadas tecnologias orientadas para a instalação de sistemas de controlo directamente implantadas no corpo humano, a fim de detectar erros, inverdades no metabolismo desses agentes políticos e de lhes fazer face imediatamente.
Desta feita, sempre que Marcelo falasse, ou qualquer outro agente político com pretensões a cargos de elevado perfil político, deveriam ser objecto de avaliação por parte de pequenos dispositivos: pacemaker, desfibrilhador cardiaco, bomba de insulina e dispositivos anti-parkinson, evitando-se assim imensos erros, omissões, repetições, inverdades, etc..
Já estou a ver o prof. Marcelo - que já se deve estar a preparar para inaugurar a Festa do Avante na Amora-Seixal (nesta sua 2ª edição) com um pace-maker sob a pele, cuja função seria enviar impulsos para o coração a fim de o fazer bater com mais regularidade, tanto mais entre os comunistas mais retrógrados da Europa - revisitados por um homem que se diz de direita.
Ou utilizando um desfribilhador cardiaco - em consequência de alguma desorganizaação completa da actividade eléctrica pelo facto de um homem - soit disant - de direita estar na Festa do Avante, circunstância que em condições normais bloquearia a actividade dos ventrículos, situação que levaria à urgência duma descarga dos famosos "ferros de engomar" que os serviços de urgência utilizam quando querem salvar alguém da "morte" (política, neste caso).
No fundo, o que aqui procuro significar é uma ideia comezinha: os políticos em Portugal continuam a representar mais do que a actuar, alguns fazem até política através do mercado da opinião, e o povo mais incauto fica sempre confuso com muitas promessas e escassas realizações. E para despistar esse erro deveria apostar-se naquela nova tecnologia de ponta para evitar que os agentes políticos mentissem tanto e de forma tão descarada.
Assim, quando Marcelo, ou outro falasse à opinião pública, teria de passar a abrir a camisa e mostrar que tecnologia tinha implantada nos peitos para, em função disso, o povo perceber que não estariam a mentir nem a simular. Bem sei que isto é discutível e acarreta perigos, mas o que existe é problemático e comporta ameaças.
Por mim, confesso estar convencido que esta emergente tecnologia estará operacional no mercado dentro de meia dúzia de anos, os agentes políticos que se cuidem, e amanhã serão tão banais quanto os extintores. E se nada ocorrer, o povo sempre poderá agarrar nos extintores e jogá-los contra algumas cabeças que andam por aí a fazer mais sombras do que realizações neste tempo que passa.