O valor da mentira na busca da verdade. A maçã de La Fontaine
Jean DE LA FONTAINE, (1621-1695), ce grand poète français, né à Château-Thierry fut successivement le protégé de Fouquet puis, faute de la générosité de Louis XIV, qui ne l'aimait guère, celui de la duchesse douairière d'Orléans, de Mme de La Sablière et de M. et Mme d'Hervart. Lors de la chute de Fouquet, il publia l'Elégie aux Nymphes de Vaux, courageux plaidoyer en faveur de l'ami qui avait contribué à lui faire choisir la carrière poétique.
É dentro da maçã que a borboleta sonha com as asas...
A vida política lusa, por razões de ilusionismo e de obsessão com o poder e os seus privilégios, tem-se aproximado do nível das fábulas. Em certos casos, a realidade ultrapassa a ficção, e os responsáveis por essa sinistralidade política, que estão identificados e alapados ao poder porque sabem que fora dela são uns “Zés nobodyis”, aproxima-se a passos largos da fábula da Maçã de La Fontaine que se conta numa penada.
Assim, é útil conhecer a dita fábula da Maçã.
É sabido que La Fontaine tinha o costume de comer todas as tardes uma maçã cozida. Um dia saiu deixando uma maça sobre o fogão; e, enquanto ele esteve fora, um dos seus amigos, que entrou no quarto, ao ver a maçã, deitou-lhe a mão e comeu-a.
La Fontaine, quando regressou, compreendeu logo o que se tinha passado e, fingindo grande emoção exclamou:
- Meu Deus! Que teria sido feito da maçã que deixei aqui?
- Não sei! – respondeu o amigo.
- Ainda bem! Alegro-me ouvi-lo dizer isso, pois eu tinha-lhe posto arsénico para matar ratos.
- Pobre de mim! Estou envenenado.
-Tranquilize-se, amigo – disse La Fontaine.
- Agora me lembro que não pus arsénico algum.
Mas pesa-me que tenha sido necessária uma mentira para descobrir a Verdade.
Talvez um dia – alguém tenha a coragem de proclamar que as cadeiras do poder em Portugal estão todas infectadas com um vírus mortal, de modo a que apenas se sentem nelas quem está técnica, cultural e politicamente qualificado.
Mas em função desta obsessão pelo poder, porque estes videopolíticos nada são fora da política, nem ninguém os reconheceria na sociedade civil a fazer o que quer que seja, - temo bem que a técnica de La Fontaine não fosse eficaz. Se calhar, o melhor era mesmo envenenar as maçãs e as cadeiras do poder para livrar Portugal desta chaga e de tanta mediocridade e lata política - que parece já inundou algumas instituições financeiras de referência... To-Di.
<< Home