Teoria geral do cemitério e a competição no PSD. Uma morte anunciada
Há sempre uma estrada penosa a caminho dum cemitério. Consoante a "festa" nos toca o momento ou é pesaroso ou torna-se indiferente quando quem "parte" nos é desconhecido. Ora, este PSD - e os germens da competição que fervilham nele - faz-me lembrar um cemitério, repleto de mortos que têm a mania que ainda estão vivos na política e que contam nos destinos da República, influenciam a dinâmica da economia, modelam as políticas públicas, formatam a Europa e o mais que diga respeito aos destinos colectivos. Ferreira leite, Morais Sarmento, Aguiar Preto, António Branco, Meneses e conexos vivem na ilusão de que o País os reconhece ou sequer precisa deles para algo. Não precisa. Todos eles já deram mostras do que valiam. E valeram pouco. Todos esses agentes, que se tornaram personagens e figurantes dum filme classe C, parecem marinheiros dentro dum barco bem equipado com armas de fogo mas sem nenhum mantimento a bordo, apenas homens que, por força das circunstâncias, se terão de comer uns aos outros para sobreviver: MMendes voltará a dissecar Meneses; Sarmento é o eterno bluff só para irritar Mendes; Aguiar Branco tem o nome de advogado do Norte, mas isso não chega para quase nada, será comido pelo tempo; Manela Ferreira Leite quer comer todos mas ninguém se quer deixar comer por ela... De modo que resta-lhe o papel de escansão do PSD, degustando cada um dos candidatos a fim de os promover à liderança. Desta feita, Leite concluirá, mesmo com o sapo que em que se transformou Lisboa, que terá de aplaudir MMendes, a contra-gosto. É Mendes que manela leite terá de degustar, e a seguir deitar fora... A teoria do cemitério consiste neste modus operandi, tipicamente fratricida que o PSD desde sempre adoptou, de matar lenta ou rápidamente os seus filhos até encontrar o melhor "garanhão" de Alter-do-Chão que garantirá o melhor semen à política da S. Caetano à Lapa. É isto que choca no PSD. Não a luta em si, que tem e deve existir em democracia e nos partidos em geral, garante do pluralismo e da competição democrática, mas uma luta que conduz mais rapidamente à ruína do que ao sucesso, sendo certo que o que cada qual daqueles figurantes supra-referidos desejam não é gizar uma estratégia alternativa para o País - que nenhum tem, mas cada um dos figurantes fazer com que os outros concorrentes se eclipsem. Infelizmente, é este o processo de produção de lideranças no PSD, que agora conta com uma escansão que foi a pior ministra das Finanças desde o 25 de Abril. Numa palavra: este PSD não vai a caminho do cemitério, é (já) ele próprio o cemitério. Esperemos que no final deste processo não haja um suicídio colectivo, à boa maneira das seitas no país de G.W.Bush.
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