O sono de Durão Barroso. A ambição de quem não tem capacidade é crime
A ambição de quem não tem capacidade é um crime.
Chateubriand
Afinal, Durão Barroso quando dizia que Portugal é o único país da Europa que é capaz de discutir com paixão a Europa até à 1 da manhã era por causa do seu sono, pois tem que se levantar à 7am para regressar a Estrasburgo e lá foi utilizando aquela figura de retórica para se sair bem na plateia e abreviar o questionário de dona Fátima.
Confesso que ao ver e ouvir Barroso lembro-me imediatamente de 5 coisas: a Guerra do Iraque, a Cimeira dos Azores, a traição política a Portugal, a entrega monárquica do poder a um aprendiz de feiticeiro e, claro, à nítida falta de liderança da Europa, ou seja a ele próprio.
Guerra do Iraque - porque foi, juntamente com o quarteto da desgraça (Bush, Blair e Aznar) um dos responsáveis mais activos pelos milhares de mortes (militares e civis inocentes) que hoje graçam diáriamente no Iraque.As armas nucleares e químicas que ambos defendiam existir foi um mero pretexto para Bush impôr a sua medíocre cosmovisão na área e, assim, vingar o seu pai pelo enxovalho que este sofreu 15 anos antes quando o Iraque invadiu o Kuweit e depois teve de retirar pela operação Desert Storm, com Artursinho Albarran a reportar algures no deserto..., numa nítida concorrência com esse outro conceito de deserto reiterado por Mário Lino anos depois.
Traição política a Portugal porque fez as coisas em segredo e, ao mesmo tempo que dizia publicamente apoiar o Comissário mais prestigiado da UE, António Vitorino - que nunca se pôs em bicos de pés nem teve de mudar de nome ou era portador duma ambição desmedida, fazia ele próprio démarches intensivas junto dos PM europeus - triangulando essas diligências com a América de Bush e o RU de Blair para ser ele próprio o candidato ao lugar. Conseguiu vendendo a mãe ao Diabo e a alma ao Mao Tse Tung encalacrando Portugal que foi morrer à praia..
E que praia.. À praia de Santana Lopes, um congressista do PSD que vivia do prestígio e da memória de há 30 anos ter apertado a mão a Sá Carneiro mal preparado para ser ministro de qualquer pasta quanto mais PM de Portugal. Foi este Durão barroso que hoje vi na rtp - falando na liderança que não tem, na visão para a Europa não dispõe, da capacidade que lhe falta para gerar consensos e pôr a Europa a funcionar de molde a reganhar o seu velho estatuto geoestratégico que tinha ao tempo de Jacques Delors..
Numa palavra: Durão tratou de vida, quis ir ganhar cerca de 5 vezes mais para Bruxelas e estava farto de governar um país ingovernável, dar um novo estatuto à família, mas para isso excusava de enganar Portugal - onde era PM e mentir aos portugueses que ainda não o julgaram.
Enquanto ouvia as balelas de Barroso, pensava na hora da deita das galinhas de Mota Amaral e de como Jorge Sampaio articula mais objectivamente (pois dantes só era entendido em inglês) e Carvalhas fazia o replay da cartilha anti-liberal resultante do Consenso de Washington (é para isso que lhe pagam). Lembrei-me, por outro lado, de que Durão não é, de facto, um líder político, ele é um líder oficial, formal, daqueles que respeita calendário - entra a horas e sai a horas. Uma espécie de funcionário público da Comissão, mas não um líder com visão política que arraste os outros (os followers) atrás de si em nome dum projecto consistente e de futuro.
Confesso que adormeci várias vezes ao ouvir Barroso, por isso algo me pode ter escapado, mas do que ouvi creio que as pessoas tendem a buscar liderança emocional e política junto de outra pessoa que admirem ou respeitem.
Durão faz lembrar aquele grupo de jazz que tem o nome do seu fundador e líder formal, mas, na realidade, as pessoas sabem que é junto de outro músico que vão buscar as deixas musicais e emocionais. Ou seja, o Barroso que anda por aí, de Europa em Europa, é o agendador de reuniões, o marcador de espectáculos, o homem da quermesse, o gestor das rifas e dos tirinhos da feira popular (que o santana Lopes exterminou sem deixar alternativa) mas, na verdade, quando se trata de saber o som que deve ser ajustado pelos 27 Estados-membros, todas as caras se viram para alguém de que a Europa ainda anda à procura...
O líder que falta.
PS: Este post é dedicado a Chateubriand e a AV.
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