Imagine, de John Lennon. Nós por cá
Hoje veio-me à lembradura o grande John Lennon dos Beatles e a sua música que fez carreira mundial:
Imagine there´s no countries
it isn' t to do
nothing to kill or die for
and no religion too
imagine all the peple
living life in pace...
Recordo também que em 1988 eu e os meus colegas de faculdade fomos todos para o EUA - gozar 15 dias: uma semana em N.Y. e outra semana em Washington d.c. Dissémos que a coisa seria uma espécie de viagem de finalistas mas foi uma ramboiada 5 estrelas, ninguém morreu e o avião partiu e chegou bem.
Mas a letra do John Lennon previa a unificação de todos os homens numa irmandade pacífica, equacionada na canção Imagine... Esse velho sonho que jamais se concretizará, mas como somos todos animais sonhadores teremos sempre essa ilusão de que todos os seres humanos serão irmãos, o que também não é boa terapia, sobretudo porque muitos desses irmãos, a dado momento, deixam de se falar, e não é por andarem com as mulheres uns dos outros. Portanto, esse abraço do mundo, esse beijo da concórdia é um sonho do outro mundo, cá esbarra com difícil concretização.
Seja como for Imagine converteu-se numa música com uma forma global, hoje pouco ouvida, embora unificadora dos homens e da humanidade no seu conjunto. E a partir daqui pode supôr-se que nos estamos a organizar para um novo espaço global, vertido no tal Estado mundial de que por vezes se fala, o que é outra utopia.
Mas o mais curioso é que a letra da música - se fosse levada à prática - revolucionaria todos os nossos hábitos, costumes e instituições: acabaria com os Estados, as religiões, erradicaria as guerras e viveríamos felizes para sempre. Tal, porém, não é possível: temos Estados, temos o durão Barroso em Bruxelas a dizer que é um líder (coisa que só é reconhecida por ele e pela esposa); temos o Médio Oriente em polvorosa com a Palestina em mais uma guerra intestina entre o Hamas e a Fatha; temos a Ota; temos Marcelo a dar 16 val. a MMendes; temos África e Angola que nunca mais é uma democracia; temos o quisto que é Cuba com o lagarto de Havana a querer conquistar a eternidade; temos a Coreia do Norte que, segundo um deputado do pcp, é um primor de democracia; temos o Fernando "Pretão" do psd com a tralha do António Preto na sua equipa; temos os números da Europa em matéria de crescimento económico, desemprego e PIB; temos uma avantesma da DREN quwe assusta a democracia e que drena maus fìgados por aí; temos ainda o Santana Lopes que também continua a andar por aí e agora chama Stalin ao MMendes; temos o deserto do Mário Lino; temos o mentecapto do g.w. Bush da América que inventou a Guerra ao Iraque; temos, por extensão, a arrastadeira do T. Blair. Enfim, temos ainda inúmeros problemas com todos os pontos do globo a contrariar o sonho de John Lennon e da letra da sua bela canção.
Entre o sonho e o desejo emerge a crua e dura realidade. Com o mundo partido, tecnologizado, dominado por uma cultura dominante, globalizado, com as alterações climáticas a ameaçarem o nosso balance, com a nossa demografia num caos infértil, sem mobilidade e energia de combate e com a ameaça de muitas epidemias a estalar por aí. Ou é a gripe das aves, ou um tsunami marado, ou o Bush a dizer asneiras, ou o Mário Lino a desejar ser comediante ou ainda a dona Guida da DREN a querer reproduzir em Portugal métodos e técnicas da ex-URSS.
Quer dizer, o nosso mundo encontra-se num perfeito estado de merda.. Líquido, sólido, gasoso, mas merda*. A ideia dum mundo melhor parece adiada, intra e extra-muros. Quando não há tsunamis, epidemias das aves ou conexos temos casos como a DREN, temos desertos de ideias, temos máscaras, temos ameaças à democracia, à governação e ao desenvolvimento social e económico de Portugal. Até temos um clima de Inverno em tempo de (quase) Verão... Tudo isto é muito estranho. E voltamos ao estado líquido, sólido e gasoso...
A ideia de One World - com uma democracia forte e vigorosa é comprometida com estes peanuts da vida, com esta poeira, com esta falsa ideia de progresso mascarado de democracia pluralista, mas por dentro com alguns sinais preocupantes de regimes ditatoriais. Depois, o turbo-capitalismo das multinacionais que operam no seio dos Estados também não respeitam grandes valores, pois o seu único guia é o capital, esse vil metal que tilinta mas não tem alma.
Bem sei que J. Lennon quando compôs a música nada sabia de globalização, ele era apena mais um sonhador com talento que teve um fim triste porque, um dia, um energúmeno deu-lhe um tiro à porta de casa porque o músico parece não ter querido dar-lhe um autógrafo dias antes. Mas se a consciência mundial do ser humano está a evoluir para a tal consciência global - que buscará novas formas de governabilidade, desenvolvimento sustentável e o mais, seria útil que aproximássemos um pouco mais do sonho de John Lennon, mesmo que saibamos que a prazo pouco (ou mesmo nada) lograremos com essa intenção. Sobretudo, porque as nossas motivações, experiências e fronteiras são hoje muito diferentes das de J. Lennon - de há 30 anos.. Embora a pedra angular do sonho continue intacto.
Ainda assim valerá a pena evocá-lo aqui e lembrar essa peça dos tempos que já conquistou a eternidade. Resta-nos - Imagine...Imagine
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