quarta-feira

A coligação negativa contra António Costa na Capital

Para além do ambiente de exaustão financeira para que contribuíu este PSD - através de Carmona Rodrigues - António Costa/AC - porque não quis levar o PCP às costas, parece ser o alvo da oposição em bloco. Portanto, como 1ª conclusão preliminar AC tem de ser como Platão - o homem dos ombros largos para aguentar com todas aquelas farpas, até de Helena Roseta - que ficou empertigada com uma carta irrespondida do PM, e agora AC é que paga.

Vejamos o problema da autarquia com realismo político: AC é o candidato melhor colocado para vencer e governar a cidade nesta fase de transição. E, como tal, deve sanear a casa do ponto de vista financeiro, nem que para isso tenha de fazer um contrato com o governo, de preferência que beneficie de juros mais baixos do que o normal recurso à banca. Qual é aqui o perigo ou a reserva? A dependência do governo, mas que eu saiba Carmona não pediu nenhum empréstimo ao PSD nem a MMendes e, no entanto, as interferências foram mais do que muitas, aliás, Zézinha Nogueira Pinto quebrou a aliança com o PSD na autarquia devido à tentativa de MMendes fazer aceitar a colocação de amigos políticos em empresas municipais - de forma cumpliciada com o próprio Carmona Rodrigues, coisa de que este hoje se arrepende. Mas como tem um pacto de silêncio com Mendes, qual omerta siciliana, não fala... Mas nós percebêmo-lo bem.

Mas perante este cenário de exaustão financeira que recursos ou estratégias restam à oposição senão a de eleger AC como o rosto do governo socialista que vai para a autarquia fazer de correia de transmissão do governo. Puro engano. Pois nem AC é teleguiável a esse ponto, embora seja um hábil negociador, nem foram os socialistas os responsáveis pela degração política, financeira e logística da CML. Daí a falta de seriedade e de credibilidade desse ataque em bloco que a oposição faz a AC. Os lisboetas podem andar um pouco anestesiados, mas não são parvos e já perceberam o que se está a passar.
Factos são factos, e estes apontam para uma grande dôr de cabeça: pois quando o PSD assumiu a autarquia o passivo era cerca de 500 milhões de euros, hoje é mais do dobro, cerca de 1,2 milhões de euros. São muitos zeros... Se calhar já dava para construir algumas pontes médias, uns hospitais e umas escolas e, já agora, incentivar medidas à natalidade, porque sem esta de nada serve ter pontes, escolhas e hospitais.
Portanto, se o acordo com o governo for beneficiar a autarquia não vejo porque se deva rejeitar essa opção, a banca é que pode não ganhar em juros aquilo que esperaria caso a autarquia se endividasse mais à banca. Por outro lado, AC também não tem culpa de ser socialista e de ter sido membro do governo, pois parece que se o mesmo fosse membro do CDS o PCP ou mesmo o PSD já não se oporiam a essa possibilidade de contrato entre a autarquia e o governo a fim de sanear financeiramente a CML. Enfim, mesquinhices partidárias que nem 30 anos de democracia apagam em contexto eleitoral, é da natureza das coisas. Daí parecer-me perfeitamente normal e até saudável AC falar em rigor e disciplina financeira na autarquia que irá dirigir após 15 de Julho. Aliás, é o país no seu todo que exige essa disciplina.
Estranho seria que AC pugnasse por uma solução à MMendes e António Preto e "colonizasse" os serviços camarários com assessores de palmo e meio oriundos das secções de voto e do efeito cola-cartazes do PS contribuindo, desse modo, ainda para agravar mais o passivo da autarquia e paralisar definitivamente a sua capacidade de acção e de resolução dos problemas de gestão corrente e de fundo da cidade. Mas creio que não é essa a filosofia, o objectivo nem o desejo de AC para Lisboa, nem ele tem por referências os ditos MMendes e A. Preto - de que Fernando "Pretão" é uma mera correia de transmissão, qual matriosca russa que hoje tenta colar AC ao governo quando, na realidade, foi essa a praxis política do seu líder - MMendes - ao teleguiar Carmona a partir da S. Caetano à Lapa.
Até se dizia que quando Carmona ia fazer xi-xi ao WC nos Passos do Concelho uma luzinha vermelha acendia acompanhada de um sinal sonoro que tocava na secretária de MMendes - monitorizando desse modo todos os passos do engenheiro independente que se incompatibilizou com Santana para se enfeudar a Mendes. O resultado deu no que deu e Lisboa ficou pendurada e prisioneira dos imensos "braga-parques" que pululam por aí e fizeram vários arguídos que acabaram por levar ao ambiente de podridão política e à queda da própria autarquia, como se sabe.
Creio que aqui a alternativa de Fernando "Pretão" é a criação de um fundo de gestão imobiliária pela autarquia.. Se ele for vereador terá, certamente, de trabalhar mais nessa proposta e amadurecê-la, quem sabe se nas próximas eleições em 2009 essa ideia não vingará...
O comunista Rubben de Carvalho, que me faz lembrar os electricistas da Festa do Avante à procura do busca-pólos, repete monocórdicamente o óbvio, i.é, que a autarquia ficará nas mãos do governo. Só falta dizer que o governo também come criancinhas ao pequeno almoço. Aliás, a campanha da cdu é das mais pobres que já se viu, com um candidato sem chama, sem viatalidade, cansado, a arfar.., sem conseguir subir uma rua sem falar nas classes sociais do séc. XIX, como se hoje as clivagens não fossem outras, e que a treta da greve geral teleguiada pelo seu estalinista partido fomentou em Portugal. Isto é assim do lado do PCP por uma questão eminentemente política, pois sabe-se como Jerónimo anda acossado com Sócrates por causa da política geral e do sindicalismo em particular, e nada mais resta a Ruben de carvalho senão fazer de camâra de eco e bater em AC em contexto alfacinha, mas sem nenhuma eficácia política. Trata-se antes de tiros nos pés, e como os pés de Ruben são de chumbo...
O pobre Telmo Correia parece uma abtarda a correr em direcções opostas à frente dum leão. Se for eleito, dará um vereador dos semáfores e só estou a ver uma maneira de ele e o seu (rico) cds ajudarem no tremendo passivo da capital. É subtraírem à conta do BES, perdão, dos donativos dos mecenas que nunca chegaram a nascer e que parece encheram os cofres do Caldas com milhares de euros por ocasião do caso Portucale e do famoso abate de sobreiros no Ribatejo. Aparte isto, sugerimos aqui que nem PPortas deve aparecer ao lado de Telmo, porque isso é a receita para a catástrofe.
Aliás, Telmo ainda terá de explicar aos tolinhos do seu partido como é que ele conciliará a sua função de presidente do grupo "para-lamentar" com as funções de putativo vereador. A não ser que as suas referências aqui sejam a praxis política de Maria Carrilho, que quando perdeu Lisboa para Carmona nunca mais pôs os pés na autarquia, circunstância que gerou problemas no seio do próprio PS em Lisboa, como é sabido. Portanto, em matéria de resolução do passivo da capital tanto Negrão como Telmo Correia pensam exactamente o mesmo, são unhas gémeas do mesmo pé: alienação de património camarário e recurso ao tal fundo imobiliário. We shall see...
Depois sobrevem um conjunto de questões a que AC irá certamente pôr cobro: o escandaloso número de assessores que o PSD ruinosamente enxertou na autarquia (via António Preto e Sérgio lípari, que são uma espécie de agentes de emprego ambulantes) carros, telemóveis para uso próprio. Tudo isto deve ser confinado ao estritamente necessário. Porque também foi por Carmona não ter tido a capacidade política de pôr travões a essa vergonhosa gestão perdulária (permitida pelas "agências de emprego" do PSD na autarquia que contratavam os assessores do porto de honra) que centenas de milhares de euros fugiam pela janela, recursos esses necessários à concretização de políticas públicas urgentes para a resolução dos problemas na cidade.
Sá Fernandes, como já aqui temos dito - deveria integrar o SIS, pois já deu imensas provas como agente encoberto, funciona bem. Deve ser um homem da Guerra Fria que lia os romances do Le Carré... Hoje descobrimos que tem uma outra vocação: ser taxista... Qualquer dia também vai dar o mergulho no rio Tejo, como fez Marcelo dem 1989 - quando perdeu a autarquia para Sampaio. Aliás, registe-se que Zé Sá Fernandes está a reconstituir os passos que deu Marcelo (devem ter combinado isso no meio da marginal de Cascais), só que poderia encontrar outra referência mais eficaz e promissora. Mas não deixa de ter um papel interesante como detonador de problemas. Assim, a autarquia terá sempre alguém, um batedor como na caça, que faça o trabalho mais difícil. Mas pode revelar-se um aliado pontual de AC na autarquia, sobretudo tendo em atenção que é uma excepção à oposição que não atacou AC.
Perante este quadro o que deverá fazer AC até 15 de Julho? Procurar ser mais criativo e imaginativo e debater com todos o melhor que pode e sabe - com transparência e seriedade.
Ah, só mais uma coisinha: é certo e sabido que um dos cancros da autarquia de Lisboa resulta da forma como são geridas as empresas municipais. Mais uma vez este PSD deu-nos uma lição de intensiva corrupção - com pagamentos de prémios indevidos aos administradores, nomeações estranhas, nepotismo, peculato, etc, etc, etc...
De crimes tão imaginosos que até nem estão codificados na lei. Também aqui António Costa terá de ter 4 olhos, e criterioso como é não tenho dúvidas que aumentará a transparência na relação que a partir de 15 de Julho a autarquia passará a ter com essas empresas municipais que, em muitos casos, servem de sacos azuís sabe-se lá para quê...