Um discurso histórico? - por José Medeiros Ferreira -
Um artigo para ler com prudência...
Com efeito, só as hiper-potências se podem reclamar de ter uma política externa independente, ou melhor, relativamente autónoma, pois basta um Tsunami ou qualquer outro factor natural à margem da vontade humana para desequilibrar qualquer formulação por parte duma chancelaria. Pena é que essa declaração de vontade do sr. Putin, que é um pigmeu político que parece só entender de gatilhos e de venenos, não seja acompanhada de uma política de defesa e promoção da democracia pluralista e dos direitos humanos. Mas o Ocidente também não poderá reclamar muito quando do outro lado do Atlântico tem o maior aborto político à frente da White House que a América já conheceu. Além de que está hoje provado de que de pouco ou nada serve fazer essas declarações de vontade. O terrorismo por um lado, e o ambiente por outro, são vectores que contrariam aqueles resíduos da Guerra Fria, apesar de cada actor poder querer mostrar erecções políticas que depois terão de ser mantidas a toque de viagras diplomáticos. Bastará uma Cimeira de Davos para remeter para o caixote do lixo da história a proclamação extemporânea de Putin, que julga ainda viver no tempo dos czares... Uma questão para Medeiros Ferreira: o que fará hoje a Rússia de Putin se a China fizer finca-pé num dossier económico, militar ou ambiental?! Provavelmente, nada!! Que se saiba, ainda se mantém a actual pentarquia no CS na ONU. E a reforma da ONU é mais uma intenção proclamada do que realizada... E a mesma questão se poderá colocar aos EUA..., daí a relativização do valor conceptual que a política externa independente, como sistematiza Medeiros Ferreira, tem hoje, muito diverso do tempo da Guerra Fria. Teremos todos de reler o velhinho Aron, mas com outros olhos e outras correlações, porque a natureza dos problemas mudou, alterando aqueles conceitos clássicos das RI que fizeram a sua carreira desde o post-Guerra Mundial (1945) até à queda do Muro de Berlim (1989) e as revoluções de veludo a leste. Contudo, força é força!!!, mas o Poder tornou-se mais volátil, logo também mais relativo. Daí a relativização das bujardas do alegado assassino de jornalistas hoje no poder na Rússia a quem os diplomatas e os chefes de governo do Ocidente apertam a mão.
E se ele é mesmo um assassino? O facto de lhe apertarmos a mão, fará de nós outros assassinos? Mais outra questão a que Medeiros Ferreira poderá responder, se souber, evidentemente!!
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