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Alterações climáticas e opinião pública - por Francisco Sarsfield Cabral -

Alterações climáticas e opinião pública Francisco Sarsfield Cabral Jornalista O relatório sobre alterações climáticas divulgado há dias por um painel internacional veio reforçar a convicção de que são necessárias medidas sérias para evitar prováveis desastres.
Mas o mais importante é o que se passa na opinião pública. Generaliza-se a consciência dos danos já infligidos ao meio ambiente pela mão do homem, o que é um facto relativamente novo.
Facto já com consequências a nível político - como é normal em democracia, onde quem manda tem de ser eleito e, por isso, tende a sintonizar-se com aquilo que a maioria das pessoas pensa. É assim que vimos o Presidente Bush, até há pouco hostil aos alertas dos ecologistas, referir finalmente o perigo das alterações climáticas no seu discurso sobre o Estado da União, há três semanas.
É que a opinião pública americana começou a preocupar-se com os atentados ao ambiente. O governador republicano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, já o tinha percebido e agiu em consequência. Por isso foi confortavelmente reeleito, em Novembro, apesar da derrota pesada do Partido Republicano no resto dos Estados Unidos.
Não foram tanto as discussões de peritos que tornaram mais ecológica a opinião pública americana. Essa evolução terá sido, porventura, até algo atrasada pelo fundamentalismo de alguns ecologistas, que suscitou reacções cépticas quanto às catástrofes anunciadas.
Só que entretanto aconteceu a destruição de grande parte da cidade de Nova Orleães. E multiplicaram-se os documentários evidenciando os estragos provocados pelo aquecimento do planeta (como foi o caso do filme de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente). Ver icebergs a derreter faz alguma impressão...
Por outro lado, muitas igrejas protestantes evangélicas, importante base de apoio político de Bush, tornaram-se ardentes defensoras da criação, logo, do ambiente. E os próprios meios empresariais americanos, inicialmente preocupados com os custos das exigências ecológicas, perceberam ter-se aberto aí - na preservação do meio ambiente - uma interessante área de investimento e negócio.
Por cá, a viragem da opinião pública também está a acontecer. Sentimos que o clima português se tornou menos temperado e mais violento, com maiores extremos de frio e calor, de chuva e seca, de inundações e incêndios florestais. E vimos na televisão o mar a comer as praias da Caparica - e outras.
Isto sem falar de crimes contra o património ambiental e paisagístico nacional, decorrentes da desenfreada construção e da pressão para mais e mais betão. Algo fatal para quem pretende atrair turismo de qualidade.
Decerto que, por si só, um país - por maioria de razão, um país pequeno como Portugal - pouco pode contribuir para combater o aquecimento global. Terá de ser um esforço internacional conjugado, prolongando e melhorando o Protocolo de Quioto.
Protocolo ao qual os EUA não aderiram. E sem os EUA, responsáveis por um quarto da emissão mundial de gases de estufa, e sem a China, outro grande poluidor, esse esforço não irá longe.
Se a opinião pública já é favorável a medidas para travar o aquecimento global, o que é positivo, importa agora que tais medidas sejam racionais. Isto é, que decorram de uma séria análise de custos e benefícios.
Não faz sentido, por exemplo, condenar à pobreza a população de um país ou de uma região apenas para salvar um animal raro ou uma planta especial.
Mas não haja ilusões. Não é fácil a ponderação de custos e benefícios. Primeiro, porque persistem grandes incertezas técnicas na avaliação dos danos futuros no ambiente e dos custos para os evitar.
Depois, porque é preciso especificar: custos e benefícios de quem, incluindo no balanço as gerações futuras, as grandes vítimas da degradação do ambiente.
E, mais importante ainda, a análise não é fácil porque falar em custos e benefícios implica uma escala de valores que não é a mesma para toda a gente.
Essa análise não é objectiva nem neutra, como às vezes se procura fazer crer, invocando a ciência. Ela envolve, sempre, "uma visão implícita do mundo, assentando assim, parcialmente, em pressupostos e em considerações a priori que não são inteiramente objectiváveis nem redutíveis a números", como recorda Christian Arnsperger (L'Économie, C'est Nous, ed. Érès, 2006, pág. 55). Ou seja, travar o aquecimento global necessita dos conhecimentos dos peritos e dos cientistas, mas não é uma mera questão técnica. É, sobretudo, uma questão ética e política."
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PS: após ler este interessante e oportuno artigo do Francisco lembrei-me que se Al Gore fosse um cientista a sério muito provavelmente seria um mercenário, a avaliar pela utilização que faz do "conhecimento" de que se faz portador, e que é muito pouco. O que ele faz bem é aproveitar as luzes da ribalta por ter sido um ex-braço direito de Bill Clinton e joga hoje com isso junto da majestade da opinião pública.

Parece que o que ele disse na tal conferência, só para convidados, o que revela o mercenarismo da coisa - parecendo até que o O2 é só para alguns, os outros devem respirar monóxido de carbono, já está em BD, em DvD e em filme na 7ª arte. Nada de novo, portanto. O mundo entrou em degelo porque o buraco do ozono é maior, e assim tudo derrete mais rápido e perigosamente.

Depois levar 35.000 cts pela sua aparição e uns acenos toscos à turba é, confesso, manifestamente excessivo, para não dizer grosseiro e anti-ecológico. Com a agravante de no contrato do "menino" não estar previsto cobertura on tv, de som para as rádios nem vê-lo, só os organizadores é que tiveram o direito ao exclusivo do evento para depois venderem ao preço de ouro negro. Isto mais pareceu uma operação mafiosa do que uma acção em prol do ambiente e duma verdadeira preocupação do aquecimento global do planeta, de que todos estamos já cansados de ouvir, tal como o aborto, MMendes, Carmona ou sLopes - que por lá se passeou, mais parecia um esquimó num baile de máscaras.

Depois, para agravar o ambiente, ver um Carmona, que não pode com uma "gata-pelo-rabo", comentar o evento foi de bradar aos céus. Foi como se os cantoneiros do país viessem à cidade numa excursão para comentar aquele que é tido pelo gurú do momento em matéria de aquecimento global. Quando, na verdade, este não passa dum autodidacta que agora se aproveita da posição de ex-Vice-PR dos EUA para vender a sua lenga-lenga aos pacóvios dos portugueses que lá aportaram, mais pareciam aqueles labregos que na década de 70 marchavam para a Praia da Nazaré em veraneio.

Quando vi SLopes, Carmona e mais uns quantos papalvos só me lembrei que a seguir vinham os chapéus de sol, os garrafões e as marmitas do cozido à portuguesa. Porra!!! somos ainda muito labregos, e isto vem das soit-disant elites políticas, agora imaginemos que estamos a avaliar a conduta do zé-povinho!!???

Por mim, não tenho qualquer espécie de dúvida em considera que o Bordalo Pinheiro faria um belo manguito ao "mercenário" do Al Gore. E aqui até peço desculpa ao Francisco Sarsfield Cabral por lhe ter estragado o artigo, mas não foi por mal, tenho é pouco jeito para tolerar intrujões, especialmente quando eles vivem a enganar os desgraçacidnhos dos tugas, cada vez mais provincianos. O que me entristece...