segunda-feira

Empurra-me qu'eu puxo-te

Parece ser hoje prática generalizada na vida das organizações existir aquela regra do empurra-me qu'eu puxo-te, num exercício de simbiose quase perfeita, mas por vezes de valor assimétrico e injusto, dado que se promove os mais obedientes, nem sempre os melhores. Mas, bem ou mal, parece ser esse o princípio que é valorizado nas organizações, em que a informação e o poder estão orientados para a tração.

É assim na política e também na economia, no Estado e na privada, a sociedade civil - estando no meio, naturalmente, também não escapa a este princípio de tração: uma plataforma de comunicação e poder que permite que as diferentes partes da organização se informem e coadjuvem entre si, seguindo o velho princípio - empurra-me qu'eu puxo-te. Creio que é isto que hoje sucede com o desespero do sr. DGCI - que estabaleceu uma teia de "amigos" e aliados conjunturais para pressionar o governo a reconduzi-lo por mais uns anos. É isso que também sucede quando um deputado, um candidato a uma estrutura distrital dum partido, um qualquer agente político (ou com tais pretensões) faz quando pretende ser eleito ou captar certa franja do eleitorado: tudo é permitido desde que venha engrossar essa dinâmica e força de vitória.

Neste bazar da política e da economia a regra d' ouro é: apoias-me agora que amanhã te apoiarei. Não tendo em vista uma troca de conhecimento, uma troca de ideias que valorizem o conjunto dessa organização, mas tão só consolidar ou, se possível, reforçar uma posição de poder no seio dessa organização. Sobretudo quando está ameaçada, como hoje é público no caso do referido sr. DGCI. O qual anda à procura de empurrões, sejam de sindicatos amigos, agências de consultores vários, de media, de agências de comunicação e conexos. É uma verdadeira teia de interesses que se estabelece em torno de certas pessoas com um determinado poder funcional - a fim de reforçar o seu peso e poder na estrutura geral da máquina. Porque o poder de um é o poder de muitos, visto que o poder é uma relação, como ensinava Michel Foucault há uma décadas.

Adriano moreira, por exemplo, que hoje alguns beginners citam inconscientemente, esbulhou esta fórmula ou conceito ao psicólogo e filósofo francês sem nunca citar a fonte, infelizmente esbulhos conceptuais desta natureza ocorreram amiudadas vezes, pensando os outros que os conceitos eram seus. Fica só o registo para os mais distraídos...

Em muitos casos, a aplicação desta regra d'ouro na vida das organizações opera em nome do interesse público, do bem comum, outras vezes não passa da satisfação de interesses corporativos, mitigados com aquele interesse público, e o povo, tão alienado quanto ígnaro não consegue distinguir uma coisa da outra e muitas vezes é enganado. E é pena...