segunda-feira

A filosofia do Prós & Contras: acumulação de erros

Sempre que possível damos uma espreitadela no Programa da rtp - Prós & Contras, porventura o maior do género da estação pública. Considero até que a sua existência é mais proveitosa do que não existir. Contudo, sempre que me lembro que na sua equipa de consultores estão os mais empedernidos salazaristas que ameaçam em democracia ministros da C&T legitimados pelo voto popular fico com vontade de mandar os restolhos ao rio Tejo e solicitar a passagem do cacilheiro. Depois, quando não são os veigas, os moreias e outros defunto-vivos do sistema democrático - o agenda-setting de dona Fátima - que até achamos mui prazenteira, prenda-nos com os maiores corruptos e népotas das estruturas desportivas em Portugal, leia-se valentim e Madail. E P. da Costa só não veio nesse dia porque não estavam reunidas as condições de segurança para albergar esse protoplasma que, no fundo, nunca foi mais do que um aborto retardado da natureza.
Mas o essencial da nossa crítica ao programa e à forma como ele é organizado é que deixa algo a desejar, porventura dona Fátima anda a ser mal aconselhada há meses, e como está alienada ainda não percebeu na névoa em que caíra. Todavia, ela sabe, nós sabemos que os media deverão ser a vox da autoridade, o loci onde se produz opinião de qualidade, debate de qualidade e, desse modo, se estabelecem relações de interdependência por parte dos cidadãos comuns e a sociedade via media. Já que esses mesmos media não são apenas produtores de opinião, mas também produtores duma identidade e duma consciências nacionais que vamos tecendo dos nossos próprios problemas colectivos.
Ora, estando a equipa de consultores da rtp eivada de resquícios salarazentos e de elementos com baixa preparação cientítica, cultural e técnica na preparação e na organização dessas sessões - máxime, no convite às personalidades (que deverão ser credíveis e representar a sociedade de forma pluralista e actualizada) - não será, pois, de estranhar que muitos desses convidados surjam em estúdio também de forma enviezada, deficitária defendendo interesses particulares que, óbviamente, nada têm a ver com o interesse comum. É isso que me parece representar a participação na "bancada central" de Zezinha Avilez Nogueira Pito.
É por causa de pessoas assim, que nada valorizam a cidade nem a democracia, (já para não falar em carmona que foi mais um erro de casting), antes procuram dela tirar proveito próprio, que os media aparecem aqui, talvez até contra a vontade de dona Fátima - que nitidamente se esforça por fazer sempre um bom bailado do cisne - como os chamados elementos de controlo não democrático - que, por imposição duma certa mediacracia - impõem essas "charretes autárquicas" aos telespectadores, ao eleitorado e muito em especial aos desgraçados dos alfacinhas - que têm de os gramar.
Tenho para mim, e com o devido respeito que todas as pessoas à partida merecem, que os media têm o dever de reflectir a estrutura duma sociedade, os seus verdadeiros problemas sociais, económicos e culturais; oferecer uma igualdade de oportunidades e de acesso a todas as vozes, inclusive minorias; ser um fórum de diferentes interesses e de pontos de vista da pluralidade da sociedade e das comunidades; e ainda oferecer relevantes escolhas às necessidades e aos interesses das audiências. Sendo isto legítimo, e nem sempre observado pela organização do Prós & Contras - tenho pena que a mediacracia instalada reproduza sempre os mesmos erros e até os acumule com o passar do tempo.
Não sei bem porquê, mas por vezes fico com a sensação de que dona Fátinha me apresenta um certo Portugal salazarengo em que os comandos do país estão sendo geridos a partir duma cama de Hospital alí da Cuf ou da Cruz Vermelha, só que em vez de ser o velho Salazar a mexer os cordelinhos, são as cópias maradas dos restolhos que andam por aí a passear a surdez pelos bastidores da rtp.
É para esses que desejo que o Inverno seja rigoroso...Muito rigoroso, pois não passam das ervas daninhas da verdadeira e autêntica democracia.