Pub. da Timex & estilos de vida e governação em Portugal
Os relógios sempre nos fascinaram. Por serem belos, por medirem o tempo, por serem máquinas de precisão que também se atrasam e adiantam, por errarem, por seduzirem. Por nos confrontarem com um facto: a emoção triunfa sobre o intelecto. Foi esta a lógica que pautou o nascimento do anúncio por recurso ao estilo de vida, o que era uma novidade. Estava-se a meio do séc. XX e, como qualquer novidade, meter um locutor famoso como - John Cameron Swazy - ao vivo diante da câmara tentando vender relógios era tão soberbo quanto revolucionário. Talvez ainda mais surpreendente do que vermos hoje Belmiro de Zevedo embrulhado num spot a promover salsichas marca-Continente - enfatisando a vantagem de terem mais 2 cm do que a concorrência. Com toda a sua credibilidade de jornalista - Swazy - explicava aos espectadores como funcionavam aqueles resistentes relógios da Timex. Para o efeito, submetia-os a imensas torturas: projectava-o contra a parede, submetia-o a martelos pneumáticos e o diabo-a-sete... Chegou mesmo a atá-los às pás dum motor fora d'água, mergulhando-os de seguida na água com o motor ligado. Eram sevícias a mais para um Timex. No final de toda aquela marmelada publicitária, Swazy apresentava o relógio à câmara e anunciava ao mundo o belo Timex sob o slogan: O Timex pode levar mas continua a trabalhar. Aquilo era bastante impressionante para a época. Fabuloso!!! Não pretendo com isto dizer que Sócrates joga M. Mendes contra uma parede ou submerge violentamente Jerónimo e os rapazes do partido do táxi, não!!! A oposição em Portugal ainda não é o Timex... Embora haja quem diga que é pior. Todavia, esta história do Timex - perturba-me deveras - e remete-me para uma questão algo enigmática: e se amanhã o PM, dentro ou fora do Barlamento, nos vai tentar vender um Ómega...
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