Música dos anos 80 - a cura sonora -
Costuma dizer-se que quando ouvimos música deixamos de temer o perigo, ficamos invulneráveis, não vemos inimigos ou ameaças e, desse modo, relacionamo-nos mais íntima e velozmente com os tempos: à adolescência somam-se as memórias já de adulto e de homem maduro. A música representa, assim, esse eixo da roda, a nossa própria experiência com o(s) tempo(s), evoca pensamentos - para aqueles que os têm - conhecimento e até sabedoria, num estágio mais elevado. Dito isto, pergunto o que faz um homem de 40 anos a ouvir músicas da década de 80? Muito provavelmente, a resposta seria similar aquela que os nossos pais dariam reportando-se às décadas de 50, 40 e 30 do séx. XX... Parece que já foi à uma eternidade. Creio que a resposta para esta espécie de nostalgia do quintal radica na necessidade que temos em curar-nos do presente, tornarmo-nos mais inteiros, buscar o tal balance caso o equilíbrio haja sido perdido na trajectória da vida.
- Ao ouvir hoje músicas como:
- - Philip Bailey & Phil Collins - Easy Lover
- - Quincy Jones - The Secret Garden
- - Rod Stewart - Babe Jane
- - Steve Miller Band - Abracadabra
- - Imagination - Just an Illusion (que era a música que mais rendia a Liberto Mealha no KIss - algarvio...)
- - Donna Summer - She's Work hard for the money (que dedicamos ao S. Lopes que aterrou de costas na AR)
- - U2 - With or Without You
- Só para citar alguns breves exemplos que marcaram a minha geração, estamos não só a recordar aquilo que agora não podemos dizer mas, sobretudo, a estabelecer ligações, pontes e vibrações físicas e espirituais que pela memória pura jamais seríamos capazes de evocar. E se por vezes não sentimos dor alguma quando ouvimos música, ainda que o governo governe com os pés, as taxas de juros subam encarecendo o dinheiro, o "pitroil" dispare, o bin ladden ameace a Peninsula Ibérica com aqueles seus "gestos de amizade" intercivilizacional - por entre mais uns etcs - é a música que faz disparar os nossos níveis de endomorfinas - fazendo com que os opiáceos do n/ cérebro diminuam os níveis de dor e, assim, possa induzir a "tal" euforia natural que todos já experienciámos.
- A música até pode reforçar a n/ produtividade, diminuir o stress, potenciar o sistema imunitário, reforçar a memória, intensificar o romance e a sensualidade e estimular...imagine-se!! a digestão.
- Talvez não seja por acaso que até os realizadores da 7ª Arte tenham plena consciência desses factores conjugados, e, por isso, apostam na importância da banda sonora para o sucesso dos seus filmes. A ideia é fazer com o som possa criar uma tensão e fazer dum filme que não vale um queque duro numa especialidade da casa. Não raro o espectador é papalvo e come aquilo como se fosse uma tijelada de Abrantes acabadinha de fazer.
- Diz-se até que a força da música é tal que tem poderes para domar uma besta, ou amaciar calhaus... Talvez com estas apreciações o seu autor estivese a pensar em alguns responsáveis políticos... Em suma: sem música não há conectividade, quebram-se as ligações do passado-presente-futuro e tudo deixa de funcionar como um comboio com várias composições. Eis o que queria dizer ao n/ amigo Carlos Francisco que teve a gentileza e a amizade de partilhar aqui connosco esse mar de conexões que é, em síntese, essa catadupa de sensações maravilhosas vertidas pela música dos nossos tempos.
- Os dados estão lançados, agora é só aceder ao site e escolher a música de entre (apenas) os cerca de 1500 videos disponíveis - e ouvir - para recordar. Porque recordar é viver. Embora vivamos para algo mais do que simplesmente recordar..
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