segunda-feira

A DEMOCRACIA QUE TEMOS (1 DE 2) - por o Jumento -

A DEMOCRACIA QUE TEMOS (1 DE 2) "A democracia é a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram experimentadas". Winston Churchill Talvez a passagem de mais um aniversário do 28 de Maio de 1936 justificasse uma reflexão sobre as virtudes da democracia portuguesa, mas não é essa a pretensão deste post. Faço parte dos que defendem que a democracia é a única forma de regime político aceitável, mas também pertenço ao grupo cada vez maior dos portugueses que duvidam das virtudes da nossa democracia inacabada. Talvez a minha visão seja utópica, mas considero que a liberdade liberta forças criativas capazes de proporcionar níveis de em estar maiores do que os supostamente são alcançados com uma ditadura. E reconheço que é utópica, porque os 30 anos de democracia que até agora vivi foram, em grande medida, 30 anos de desilusão, muitos dos nossos políticos são piores do que os políticos da ditadura, os grupos financeiros que cresceram à sobra da ditadura são os mesmos que agora escolhem governos e nomeiam governantes, confio menos nos jornalistas da democracia do que os verdadeiros heróis que foram os jornalistas que se bateram contra a ditadura, reconheço menos independência nos órgãos de comunicação social actuais do que uma boa parte dos existentes no tempo da ditadura. Mas como não tenciono deixar de defender a democracia interrogo-me se com a democracia que temos Portugal será capaz de superar os obstáculos que se colocam ao desenvolvimento. Os grandes problemas que enfrentamos exige soluções que vão para além de uma geração, as soluções políticas necessárias implicam estratégias cuja duração se terá que prolongar por várias legislaturas. Será com soluções imediatistas, simplistas e superficiais que poderemos superar os problemas? Uma oposição que organiza um congresso só ara que o líder se arme em credível e apresenta um rol de propostas que denunciam a total ausência de reflexão será capaz de obrigar o governo a ser competente? Um modelo político que entra em ruptura porque alguns magistrados "deixam" escapar peças de processos para os jornais terá as necessárias condições de estabilidade? A democracia é melhor do que a ditadura, não tenho dúvidas a esse respeito, mas essa é uma convicção que resulta de outras democracias, a democracia portuguesa ainda não o demonstrou. Mas tenho sérias dúvidas de que com os políticos que temos a democracia seja capaz de proporcionar as soluções para os problemas, por isso cab com uma segunda citação de Winston Churchill: "Isto não é o fim. Não é sequer o princípio do fim. Mas é, talvez, o fim do princípio."
  • Obs: Perante isto até apetece dizer que os deuses gregos devem ter sido os primeiros a acreditar na democracia. E muitos dos democratas que hojem comandam os destinos de Portugal parece desenvolverem a sua praxis política por obediência ao seguinte princípio: "gosto das pessoas que chegam ao pé de mim e de uma maneira franca e directa me dizem o que pensam desde o momento que pensem o mesmo do que eu". Se calhar não seria má ideia criar um departamento do Estado (mais um!!! ..., talvez com os novos despedidos da função púbica!!!) - pouco burocrático e despesista - que funcionasse como Observatório da democracia portuguesa. Embora eu tema que as conclusões iniciais apontassem para a ideia segundo a qual a nossa democracia mete muita água, talvez por isso as eleições sejam feitas por naufrágio universal. E se elas coincidirem com a época balnear, então é uma maravilha...: 70% dos eleitores estão com as barbas e as partes pudengas de molho; os outros 20% estão nas filas de trânsito para poderem também por as barbas de molho; e os 5% restantes são os otários dos utópicos que citam Churchil e ainda acreditam neste regime ali bem definido por esse político e escritor britânico de grande estatura moral e política, o Sr. Winston Churchil que, curiosamente, depois de ter ganho a II Guerra Mundial contra o "amigo" Adolfo - com sangue suor e lágrimas perdeu - estranhamente - as eleições. Ainda por cima a democracia afasta a qualidade do poder. Os 5% remanescentes são os tipos mais lúcidos que já há muito mandaram este "regime democrático" às malvas e nunca votam. Aqui incluem-se alguns intelectuais prescientes, os milionários e os multimilionários que não precisam da política para nada, antes são é solicitados a ajudarem os políticos a subir ao poder para depois caírem do escadote a uma velocidade estonteante sem que nesse carrossel do poder o País tenha beneficiado algo. O que dirão hoje outros regimes que ainda não são tidos por democráticos: Cuba, Coreia do Norte, Angola... Penso-penso-penso e concluo que devem dizer mais ou menos isto: aos pobres dos democratas não é a tentação da carne que os preocupa, mas sim a falta dela. Mas depois - como os democratas (dos países ricos) nem sempre são felizes os pobres (dos cubanos, coreanos, angolanos...) também não têm razões para os invejar... Enfim, é este o "Portugal de trombas" que temos.

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