O PSD de Luís Marques Mendes. O Portugal de Pombal
Show must go on...
Vejo pela SiC Notícias algumas passagens do Congresso do PSD, em Pombal. Apesar da crise, toda a mise en scéne se repete. Cor, som, muitas cadeiras e mesas, música pimba, como as cores de certas gravatas e saiotes que agora seduzem e despertam para a política, muitas pessoas cumprimentando-se fingindo que são amigas, afectos - temperados com palmadinhas no dorso e língua afiada pelas costas, apoios, desapoios, lealdades e traições, palmas, muitas palmas, ruídos e silêncios - ainda mais ensurdecedores, risos e sorrisos, simulações e simulacros, jornalistas a querer antecipar o futuro pensando que são políticos, e dizendo o óbvio, enfim, um congresso, qualquer que ele seja, e o do PsD é-o por maioria de razão, tem todos estes ingredientes, com colesterol bom e mau.
Mas vamos aos factos, nesta cadeia e voragem de simulacros, amizades e pequenas traições, temperadas com ódios acumulados ao longo dos anos. Tudo por causa do Poder, o maior dos afrodisíacos, segundo Henry Kissinger. Ele lá sabia, sempre acompanhado com belas mulheres, algumas loiras, nem sempre burras...
Luís Marques Mendes, que também é o meu candidato, foi o único a falar verdade. Verdade e claro. Sem rasgo nem genialidade, conseguiu expôr as ideias nucleares que integram a sua Moção C : ter uma linha política para ajudar a ganhar as eleições autárquicas que se avizinham; ajudar a eleger Cavaco para Belém; referendar a Europa e o aborto; ter uma política externa credível; recuperar a economia e mantê-la equilibrada; reformar o sistema político, embora, gradualmente; desenvolver as autonomias regionais. Isto foi claro. Pelo caminho fica o aviso, já sinalizado a Sócrates, que terá de pensar duas vezes antes de propôr qualquer medida que careça do apoio político do PSD, designadamente em matéria de revisão constitucional.
- ganda nóia!?...
- Uma possível representação do futuro...
- Uma desastrada representação do presente. Aqui a ficção é mais real do que a própria realidade. Inaugurando, o próprio, uma nova ciência da política: a dromologia, que explica a alta velocidade em política, e de como se pode estar ao mesmo tempo na Câmara Municipal de Lisboa, em S. Bento como PM, em Belém (como Presidente da República) - em sonho -, na Kapital e no Plateau, e, em tragédia, em 10 milhões de cabeças portuguesas. É caso para dizer, como o saudoso António Variações - que jamais votaria em Flopes - "eu só estou bem onde não estou".... Vá agora cantem todos, e façam um valente coiro...
- Neste permanente teatro da política, em que quase todos fingem ser quem não são, qual do dois acha que estará a dizer - neste momento - ...
Se Cavaco resolve fazer mais uma birra e ficar no Banco de Portugal a coser estatísticas que ninguém lê, este homem, Marcelo Rebelo de Sousa, continua a ser uma carta fora do barulho e completamente indomesticável pelo aparelho do PSD. Assim, se o cenário mais irrealista ocorrer, pois sabemos que em política o impossível pode ser provável, Marcelo será o que quiser: PM ou PR... Para desfeita de Marques Mendes e de A. Borges...
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