quarta-feira

Narrativas do Crime: liabilidade, agressividade e indiferença afectiva

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- Requinte de malvadez ou é só apenas um distúrbio mental..."

- cit. do artigo infra -
(...) "O homem, de 44 anos, deixou um cartão de identificação num bolso do militar da GNR que ontem baleou mortalmente" (...)

Este comportamento, que encerra um prazer doentio em fazer mal à vítima e a dar um recado à sociedade, interpela-nos acerca do que pode levar o agente criminoso a actuar dessa forma fria e violenta.

Por um lado, o criminoso pode agir sob o efeito da liabilidade, que é uma combinação de instabilidade de carácter, desorganização no tempo que impede o agente criminoso de ficar intimidado perante as autoridades e a ameaça da sanção. Neste caso, o agente criminoso deixa-se levar pelo ímpeto do momento, pelo sadismo do gesto sem ter em linha de conta as consequências mediatas dos seus actos;

Em segundo lugar, o agente criminoso tem a energia que permite ultrapassar os obstáculos que encontra no processo de passagem ao acto, especialmente se estiver imbuído da combatividade necessária para se manter indiferente ao odioso do crime que ele próprio é autor.

Em terceiro lugar, a circunstância de o alegado criminoso ter colocado um cartão de identificação num bolso do militar mortalmente baleado - revela bem o carácter violento e frio do criminoso perante a vítima. Ou seja, estamos perante um agente criminoso incapaz de mostrar sofrimento pela vítima, arrependimento ou compaixão. Depois de o ter executado, o melhor que o alegado criminoso é capaz de fazer é compor o ramalhete do espectáculo do crime que ele próprio quer alimentar, o que pode resultar do seu estado psicológico.

Esperemos que as autoridades sejam capaz de o identificar, deter e julgar, que é o melhor resultado que as forças policiais podem enviar à sociedade, até para normalizar a situação de paz social e justificar a sua própria existência e missão enquanto corpo especial do Estado. Um corpo necessário à preservação da liberdade e segurança de todos e de cada um de nós.


Suspeito dos crimes de Aguiar da Beira tem várias propriedades na região e era tido como "bom rapaz"
"Para mim e para a maior parte do povo foi uma surpresa. Que às vezes aconteçam umas peripeciazitas, como é normal na juventude, tudo certo, mas daí até ao que se passou ontem [terça-feira] vai uma distância muito grande", disse o presidente da União de Freguesias de Arouca e Burgo à agência Lusa. "Era bom rapaz e dava-se bem com toda a gente", comentou Fernando Mendes.
Conhecido por Piloto, o suspeito morava com os pais - ele engenheiro; ela professora, segundo avançou o Jornal de Notícias - numa casa próximo da Câmara de Arouca. "Viviam muito bem", afirmou o autarca, comentando que ele "não tinha necessidade nenhuma disto".
A casa onde o suspeito morava com os pais, em Arouca
Além da moradia no centro da vila de Arouca, que está a ser vigiada pela GNR, o suspeito tem uma quinta na freguesia da Várzea, também no concelho de Arouca, onde, em 2014, a GNR apreendeu mais de meia centena de animais de espécies protegidas e autóctones e várias armas.
Entre os animais apreendidos estava um primata, da espécie callithrix jacchus (sagui), que foi entretanto entregue ao zoo da Maia, e 52 aves, umas autóctones e outras protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).
A quinta, na freguesia da Várzea, onde, em 2014, a GNR apreendeu mais de meia centena de animais de espécies protegidas e autóctones e várias armas
Da ação resultou também a apreensão de quatro armas (duas caçadeiras de canos serrados e duas armas de calibre desconhecido) e diversas munições de vários calibres.
Com treino militar e familiarizado com a região, o suspeito tem condições para sobreviver alguns dias sem ser detetado pelas autoridades, admitiu o major Pedro Gonçalves.
Buscas prosseguem sem resultados
"Pelas informações recolhidas, estamos a falar de uma pessoa que, além de conhecer bem o terreno, uma vez que ele é [de] muito próximo daqui, tem familiares e tem residência em Arouca", afirmou.
Além da vantagem de conhecer o terreno, a GNR tem informações de que se trata de "um indivíduo que é capaz de sobreviver durante alguns dias, uma vez que tem propriedades, tem pessoas que o poderão abrigar nesta área", acrescentou.
"Poderá manter-se por aqui durante alguns dias", sublinhou Pedro Gonçalves, aludindo à zona do concelho de S. Pedro do Sul, no distrito de Viseu, que faz fronteira com o concelho de Arouca, no distrito de Aveiro.
A GNR tem certa de 200 militares no terreno a tentar capturar o suspeito, que deverá estar apeado. Pedro Dias foi identificado como um dos dois suspeitos de terem matado um militar da GNR e um civil e ferido outro militar, que está estável e com evolução favorável, e uma mulher, que se encontra em estado crítico e com um prognóstico muito reservado, na madrugada (...) 
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