Um cavaco a definhar, fracturado, impotente, desconsiderado e só
Quem viu ontem a imagem de cavaco a empossar o governo percebeu claramente quem estava ali: um homem só, isolado, rancoroso, a definhar e a destilar ódio por tudo e por todos, especialmente por A.Costa e pelas esquerdas que ele foi obrigado a empossar. Como quem engole um pântano de sapos...
Desde cedo, tomou partido pela Pàf, em vez de saber ser o árbitro do sistema político; deu a mão à banca e a Ricardo Salgado (seu amigo e financiador de campanhas eleitorais), quando se tratou de convencer os investidores a reinvestirem as suas poupanças no BES. Hoje, ao invés, finge desconhecer Salgado, afastou-se dele e do caso de que foi o notário em 2014, seduzindo clientes para a instituição e afirmando, urbi et orbi, que se tratava dum banco sólido e credível. Já nem falo do BPN, de que beneficiou de mais-valias ilegais com a venda de acções e assinadas pelo seu amigo de sempre, Oliveira e Costa...
Esteve quase 40 anos no poder, ininterruptamente, como PM e PR, e antes como titular da pasta das Finanças. Só foi batido nessa permanência do poder por Oliveira Salazar, curiosa comparação. Apregoou o diálogo entre Costa e Passos, mas desde que fosse este a liderar o novel Executivo, mesmo que a maioria parlamentar fosse outra, i.é, de esquerda.
Cavaco defende uma coisa na teoria, mas, na prática, realiza outra, tal a sua incoerência, só para proteger os seus amiguinhos da extrema-direita, agora corridos do poder, e proteger-se a si próprio de modo a terminar o seu mandato com alguma dignidade institucional.
Alegou conhecer todos os cenários, mas depois andou a ouvir os banqueiros e os empresários amigos para formar uma decisão, ou será que esperou uma vaga de fundo, ou até a superveniência de uma catástrofe natural que justificasse a manutenção de um governo de gestão ou um governo de iniciativa presidencial(!?). Tudo serviu para adiar a tomada de posse de A.Costa, e fez esperar Portugal durante quase 2 meses por causa de um seu capricho, ou preconceito ideológico e ódios pessoais.
Daqui decorre que o valor facial de cavaco é, hoje, igual ao do BPN, de que foi cliente especial, ou equivalente ao do BES. O ainda locatário de Belém é hoje um homem isolado, sem prestígio, sem poderes, sem qualquer credibilidade, mas vingativo, maldoso, rancoroso e a espumar azedume em cada esgar. Todo o seu semblante, qual manequim da rua dos fanqueiros, denunciam este retrato psicológico daquele que um dia jurou defender e fazer cumprir a Constituição, mas foi o primeiro a permitir que o XIX Governo (in)Constitucional a violasse sistematicamente, e só foi travado pelos acordãos do Tribunal Constitucional, o qual evitou um ainda maior empobrecimento dos portugueses e terríveis clivagens entre eles.
Cavaco parece hoje aqueles velhos leões que ocupam as paisagens africanas, mas que por já não terem força, vigor sexual e capacidade de liderança e de autoridade entre o grupo acaba por ser expulso pelos leões mais novos, que asseguram mais eficientemente a patrulha do território e o controle das fêmeas perante as ameaças exteriores.
De cavaco os portugueses, hoje, já só guardam a sombra. Ele já não é ele, mas a sua sombra e uma memória destinada a perder-se nas brumas das ...
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