pureza e de verdade, começamos a detectar mentiras, que esperança nos resta? E que dizer da passividade da CNE,
perante uma situação desta gravidade?
Dediquei-me então a procurar, no meio destas inesperadas trevas, um raio de luz que alumiasse as nossas vidas.
Felizmente, descobri vários. Receio mesmo ter ficado encadeado.
Vamos por partes. O cartaz mente, disso não há dúvidas. A senhora que aparece a dizer que está desempregada, na
verdade, tem emprego. Ou seja, trata-se de uma mentira agradável. Recordo-me de um cartaz antigo do PS que anunciava
150 000 empregos, promessa que não foi cumprida. Este cartaz falha quando anuncia desemprego. Parece-me uma
evolução. Em segundo lugar, ao que tudo indica, o PS não conseguiu encontrar, em Portugal, um verdadeiro
desempregado para exibir. O que significa que o País está bastante melhor do que parece. Fica a nota de esperança.
Mais: o cartaz revela que os socialistas não desejam tocar no tema sensível que mancharia a campanha. O PS poderia ter
recorrido a uma pessoa cujo nível de vida desceu incontestavelmente durante a governação de Passos Coelho e reside
agora num T0, em Évora (sendo que, além do mais, a pessoa em causa tem experiência anterior no que respeita a
protagonizar cartazes do partido). Dando mostras de uma decência política notável, o PS optou por não o fazer.
Por causa da polémica, o director da campanha do PS demitiu-se. Isto é, perdeu o emprego. Também é azar:
precisamente na altura em que podia ajudar a campanha, protagonizando um cartaz, já não trabalha nela. Há dias em
que uma oposição não pode sair de casa. Entretanto, soube-se também que as pessoas que aparecem, sorridentes,
nos cartazes da coligação, são figurantes estrangeiros. Ao contrário do que alguns pretendem, nada há de desonesto
nessa circunstância, antes pelo contrário: é sabido que a governação do PSD e do CDS agradou muito mais a
estrangeiros do que a portugueses. É natural que sejam eles a manifestar satisfação pelo trabalho do governo.
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