A resistência dos “estranhos companheiros de cama”
Nota prévia: Pacheco Pereira, e bem, entende que este PSD se extremou e se radicalizou: nas ideias, nos programas e na práxis política. É uma verdade tão comezinha quanto banal, ainda assim urge recordá-la até pelos estragos provocados na sociedade e na economia nacionais, hoje de rastos, empobrecida, compulsivamente emigrada, envelhecida e crescentemente desigual e injusta. Eis o passivo criminoso que a dupla de incompetentes - Passos & Portas (e Cavaco, terceira ponta da troika doméstica) - irá deixar ao país a partir de Outubro. É um artigo de fronteira, porque vai além da análise política e partidária de fim de ciclo, atinge as causas e os sintomas da doença de poder do nosso tempo que se deixou escravizar pelo dinheiro, pelo mando, pela subserviência dos poderosos da Europa e o mais...
- Contudo, este artigo de José Pacheco Pereira, na minha perspectiva, enferma dum terrível vício do qual ele nunca se conseguiu livrar. Quer por questões pessoais, quer por preconceitos políticos que este prolixo historiador nunca conseguiu superar, e tal decorre da forma sistemática como este expert em comunismo poupa o actual PR, Cavaco silva, libertando-o da enorme responsabilidade a que Portugal chegou. E disso nem cavaco nem o historiador JPP se livram no futuro. Um porque contribuiu, na primeira pessoa, para agravar a crise e o subdesenvolvimento em Portugal, o outro por nunca ter sabido (ou querido!!) denunciar essa circunstância no plano da história das ideias políticas e dos fenómenos sociais politicamente relevante. Pacheco Pereira é um homem culto, erudito, tem ainda grande capacidade de análise e de comunicação, mas depois sucumbe a vícios primários e a preconceitos que o impedem de ver as demais árvores, ou ervas daninhas, numa floresta que há muito já está a arder. Esperava mais dele, confesso.
A resistência dos “estranhos companheiros de cama”
[...] A tempestade que criou estes “estranhos companheiros de cama” explica a sua emergência e o manto que os cobre. Em partidos como o PSD e o CDS, mas em particular no PSD, houve uma clara deslocação à direita, violando programas e práticas identitárias, já para não falar do legado genético do seu fundador Francisco Sá Carneiro. Esta deslocação de um partido que foi criado pelo desejo fundador de ser o partido da social-democracia portuguesa, consciente de que num país como Portugal a “justiça social” era uma obrigação de consciência e de acção, levou à sua descaracterização. E pior ainda, à mudança do seu papel reformador na sociedade. [...]
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