sábado

A nova bipolarização nacional: Soares vs Cavaco



A ambivalência discursiva de Cavaco é estrondosa, e esse estrondo confirma-se recordando alguns factos dos últimos 3 anos da vida política nacional. Começando pelo fim: 

- Cavaco não hesita em andar com o XIX Governo (in)Constitucional ao colo, apoiando-o mesmo naquelas medidas orçamentais que sabe serem violadoras da CRP;

- Cavaco concebeu uma inventona - com base numas falsas escutas a Belém, só para desgastar o anterior governo incriminando-o, injustamente, dessa falsidade e, por essa via, ajudar a sua amiga, Ferreira Leite a assumir o cadeirão de S. Bento;

- Cavaco permitiu que o PEC-IV - já aprovado em Bruxelas - fosse queimado em lume brando para abrir a porta do poder a Passos Coelho;

- Cavaco acha-se um competente economista, e como boa parte dos problemas nacionais remetem para essa área (bem como para a esfera das Finanças públicas) é deveras estranho que nunca tenha adiantado uma única ideia ou projecto de valorização nacional que o governo em funções viesse a adoptar. Em vez de ideias e projectos interessantes para o país, cavaco escreve roteiros que ninguém lê;

- Cavaco, até como militante do PSD, nunca ajudou o seu partido e, por extensão, o governo que é sustentado por ele, a procurar um caminho alternativo a esta ditadura da troika que converteu Portugal num protectorado de tipo neo-colonial típico do pós-II Guerra Mundial. O que revela que até do seu partido cavaco foi um parasita político.

Cavaco tem-se em grande conta, mas a força dos factos comprovam que ele, de facto, nunca esteve em condições para desempenhar eficazmente as funções que jurou defender, e tem violado recorrentemente a Constituição da República Portuguesa para não desagradar a um governo impreparado que só governa através do imposto e da ameaça de impostos futuros, caso o TC chumbe o OE-2014. Ou seja, Cavaco é co-autor desta ameaça, participa dela, e até a fomenta pela sua permissividade presidencial. Além de violar grosseiramente a CRP, procura fazê-lo de forma encapotada, o que ainda é uma prática mais manhosa. 

Cavaco é, no fundo, o mal maior do sistema político nacional, porque à sua sombra permite que males menores, como a vigência deste governo que devia ter caído no verão passado, continuem a fazer mal ao país e prejudicar gravemente os interesses legítimos dos portugueses adiando o seu futuro e queimando todas as esperanças de reconstrução nacional

Neste quadro negro, mesmo com alguns excessos e não isento de críticas, as acções e intervenções públicas de Mário Soares não passam dum paliativo que tenta curar um país enfermo porque dirigido por pessoas incapazes e sem uma visão estruturada e estruturante do que deverá ser Portugal neste 1º quartel do séc. XXI. 

Tudo isto se passa, o que é mais estranho ainda, como se António José Seguro não existisse politicamente e, por acaso, [não fosse] [ele] o actual Secretário-Geral do PS. 

Será que é?!

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