quarta-feira

Cerca de um milhão e trezentos mil desempregados em Portugal

 
Recordo que quando Cavaco foi eleito PR, no seu 1º mandato deste dinossaurico trajecto político numa carreira de trinta e tal anos consecutivos de vida política activa (sem par em Portugal, talvez só irmanado por Portas..), alegou que a sua experiência de economista reputado do BdP e de PM durante 10 anos, poderiam ser uma mais-valia para, do farol de Belém, o PR ajudar os governos a governar com resultados líquidos em termos sociais, financeiros e económicos. Não podia estar mais errado.
 
Embora não podendo imiscuir-se nas áreas de competência do governo, o PR, segundo alegava, poderia representar uma voz experiente que trouxesse novas ideias, novos projectos e, acima de tudo, uma rede de contactos internacionais, designadamente no plano europeu, que pudesse beneficiar o crescimento sustentável da economia nacional.
 
O consulado Sócrates, apesar de tudo, investiu em I&D, colocou a economia a crescer, investiu em ciência e na sociedade do conhecimento, nas energias renováveis e deixou um lastro de indicadores que representaram progressos objectivos no país. Mas Cavaco, ao invés, não valorizou o tecido social com propostas interessantes, não apresentou uma única ideia no plano económico, a sua rede de contactos internacional circunscreve-se às áreas da Basílica da Estrela e da Lapa e, mais grave, tem-se dedicado a ratificar diplomas do XIX Governo Constitucional que violam direitos, liberdades e garantias dos portugueses. Diplomas para os quais nunca teve a coragem de pedir a fiscalização preventiva da constitucionalidade, basta-lhe a fiscalização sucessiva, assim cuida melhor da sua carreira e ambição pessoais, que coloca sempre acima do national interest.
 
Com isto não se procura demonstrar que se a taxa de desemprego em Portugal ronda os 17%, a culpa é de Cavaco. Embora, este actor político, por acção e omissão, seja cooresponsável pelo estado comatoso em que hoje a economia nacional e os portugueses se encontrem. Sem projecto, sem dinheiro, sem esperança, sem futuro. Apenas com o guia de marcha dado pelo Governo: emigrem...
 
Perguntamo-nos, muito legitimamente, para que tem servido ao país os doutos conhecimentos de economia do locatário de Belém? Qual a finalidade do seu majistério de influência, mormente junto dos empresários e dos agentes mais dinâmicos da sociedade?
 
Ou será que Cavaco só audita os empresários na véspera de fazer cair governos?
 
Com efeito, tem sido em jogos florentinos em torno da aprovação de diplomas que Cavaco mais tem penalizado o país. O facto de Cavaco assinar quase de cruz todos os diplomas que o governo lhe submete para promulgar faz dele uma espécie de Américo de Tomáz do séc. XXI, e é nesse caldo cultural que a economia nacional hoje vegeta, pois até as exportações entraram em queda deixando, assim, de ser o referente do Governo para explicar os magros resultados da vitalidade da economia nacional.
 
A especular sobre a própria especulação, sobre produtos derivados, sobre bancos que o Estado resolve apadrinhar e nacionalizar, canalizando fluxos financeiros vitais, manipulando movimentos de capitais, sem que o Estado possa fazer algo em nome da justiça social.
 
No fundo, vivemos hoje numa economia anárquica, mafiosa, sem regulação de espécie alguma, que se tem expandido sob um alibi: o da competitividade. Agravada agora pelo regime de protectorado imposto pela Troika que nos converte em verdadeiras colónias de um qualquer antigo império. A história, no fundo, nutre-se destas perigosas ironias, e é com base nessa mega-ironia que Portugal tem hoje uma economia assente em produtos sem realidade, que ela inventa em função do jogo especulativo, sem correlação ao activo real, de qualquer produção tangível.
 
Cavaco é, quanto a mim, um dos "obreiros" deste grande cemitério vivo que cavou o destino colectivo dos portugueses, e foi também alicerçado na esperança que infundiu nos portugueses, desde os 80´s, que a economia portuguesa redunda numa histeria inoperante baseada no vento, na virtualidade, nos investimentos externos que não chegam, enfim, nessa grande fraude política conhecida por "cavaquistão" e cujo passivo e lixo tóxico hoje não sabemos muito bem como gerir.
 
 
 

Etiquetas: