Boaventura ganha bolsa para ajudar Europa a ver o mundo
São quase dois milhões e meio de euros para estudar a forma como a Europa reage ao conhecimento vindo do resto do mundo. O sociólogo Boaventura Sousa Santos vai receber uma bolsa europeia, de 2,4 milhões de euros, para desenvolver um projecto na área das ciências sociais.Público O projecto apoiado pelo European Research Council é o primeiro atribuído na área das ciências sociais e vai ser desenvolvido nos próximos cinco anos pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. Para a investigação será criada uma equipa com quatro investigadores doutorados e oito em doutoramento. Segundo o comunicado do CES, o objectivo do projecto científico centra-se em duas ideias principais: "O conhecimento do mundo excede em muito o modo como a Europa o vê e a transformação social, política e institucional da Europa beneficiará bastante com a compreensão das inovações que estão a ocorrer em muitos países e regiões com quem a Europa tem relações de interdependência". Para tal, a investigação vai abordar a "democratização da democracia; o constitucionalismo intercultural; as outras economias; e os direitos humanos", estudando nove países.
Obs: Felicite-se o sociólogo português mais cosmopolita, Boaventura Sousa Santos, um investigador de topo que também conseguiu arranjar um financiamento de topo. O que é "obra" na área das CSH, o tradicional parente pobre da investigação em Portugal. Isto revela que o "euromilhões" também saíu a Coimbra (boa terra) neste sentido: o financiamento é externo, logo não sobrecarrega o budget nacional, por outro lado, Portugal e a Europa encontram-se hoje num carrefour - e a sua influência no mundo (através do velho Euromundo decresceu), pelo que será interessante identificar o novo quadro de interacções sociais e culturais e novas linhas de investigação que possam estimular a investigação científica de excelência, fomentando também o aparecimento de investigadores criativos que desafiem as próprias fronteiras do conhecimento e reinterpretem os limites clássicos dos quadros epistemológicos das disciplinas na área das CSH. Mas mais do que ter saído o "euromilhões" a Coimbra, e à equipa coordenada por BSS, saíu um grande prémio a Portugal.
Quero crer que está em curso o processo que conduzirá à investigação da nova geração de investigadores, cujo epicentro parte de Coimbra, e não da capital, e isso também é capaz de ser positivo e digno (descentralizado) de registo.
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