terça-feira

Ilusão Política em Portugal. Deus não é português

Portugal vive os seus últimos 20 anos no recurso à ilusão e à manipulação dessas ilusões a fim de construir uma realidade que não existe. Os governos sucessivos formulam programas políticos e apresentam ideários e promessas políticas em vésperas de eleições em que o povo acredita, mas que depois só muito raramente são realizadas; as oposições dramatizam e anunciam que farão sempre melhor do que o poder em funções, mas quando se verifica a rotação do poder, o PSD ainda consegue ser mais ilusionista do que o PS.
Exemplos comezinhos: com o PSD o Estado ficou gordo e corrupto, os institutos públicos, os empregos para boys e familiares ainda conseguiram ultrapassar os níveis actuais, e o crescimento da economia fez-se à custa dos milhões que jorravam em Portugal oriundos da então CEE - os famosos Fundos Comunitários que serviram, entre outras coisas, para empresários adquirirem Ferraris e os jovens agricultores comprarem Jeeps. Infelizmente, conheci alguns desses patos-bravos da nova economia europeia, cá dentro. A formação profissional da UGT e de muitos outros organismos de formação dita profissional - ao tempo e à sombra não-inspectiva do cavaquismo - foi o que se viu, uma lástima.
Esta relação pérfida na comunicação à sociedade do que são os programas políticos dos últimos 20 anos, fundamenta-se na necessidade de não perderem o poder, os privilégios a ele agregados e alguma confiança no futuro.
Só que, ao invés desse orgasmo de ilusões de duas décadas, aquilo que tem acontecido ao país, não obstante alguns avanços na C&T, na educação, na sociedade do conhecimento e das comunicações e, sobretudo, sejamos sérios, ao nível das energias renováveis, é que temos crescido pouco, somos escassamente competitivos e mal organizados. E hoje, volvidos trinta e tal anos após o 25 de Abril, quase todos ignoramos, com maior ou menor consciência, que as escolhas dessas trajectórias, desde o cavaquismo até ao presente, se limitaram a trilhos ilusórios de desenvolvimento que só podem conduzir a sociedade portuguesa para um destino onde ela jamais esperou ir, e, mais grave, para onde ela não aceitaria ir se soubesse antecipadamente o desfecho do seu destino.
Mas o pior ainda estará para vir, com o agravamento dos números do desemprego, incumprimento de responsabilidades financeiras, fiscais e conexas junto da banca e do Estado, tudo presentes que este Natal de 2010 nos irá, a todos, fazer lembrar. Ou, se quisermos, o ano de 2011 irá ser uma chuva negra de águas contaminadas sobre solo português.
Deus, de facto, não é português!! E, mais grave, também não nos quer inspirar...

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