domingo

Mais um ano passado sobre a catástrofe do 11 de Setembro

Este acto bárbaro alterou a linha de segurança possível em cada Estado nacional, mormente na República Imperial que se suponha inviolável, o que gerou também um sentimento e uma percepção de insegurança globais em face do terrorismo globalitário, fundamentalista e suicidário que a rede terrorista liderada por bin laden impôs ao mundo Ocidental. Relembrar os testemunhos dos passageiros com os respectivos familiares (em terra), as reacções dos agentes envolvidos em todo esse mega-processo (bombeiros, segurança nacional, Administração, protecção civil, força aérea e conexos) é, verdadeiramente, um acto único na história da nossa civilização, que ficou trágicamente marcada quando um bando de terroristas conseguiu furar as linhas de segurança nos aeroportos e converter aviões de carreira comercial em autenticos mísseis dirigidos contra os simbolos da finança mundial, do capitólio (componente política) e do pentágono (componente militar), os três ódios de estimação das redes terroristas de raiz fundamentalista. Passámos a ser todos vulneráveis a esse terrorismo, razão por que é admissível que todos limitemos a nossa liberdade em nome dum acréscimo de segurança. O 11 de Setembro talvez constitua uma das maiores revoluções na percepção que o homem tem consigo próprio, com a tecnologia (civil e militar) que desenvolve e com os valores que presidem à organização da vida em sociedade (internacional, cada vez mais globalizada). Um acto inesquecível cujos efeitos importa limitar em nome do bem comum. Uma percepção que talvez deva conduzir a América para um quadro de relação e de diálogo intercivilizacional mais cooperativo e construtivo com o chamado mundo islâmico que é, consabidamente, formado por moderados e por radicais. E a partir do momento em que a realidade ultrapassa a ficção tudo continua a ser possível, doravante. Ou seja, existem dois mundos na nossa pós-modernidade: o pré-11 de Setembro e o mundo de insegurança que lhe sobreveio. Relembrar as acções invisíveis dos homens e mulheres que tentaram no ar combater os terroristas que desviaram esses aviões, é um acto de elementar justiça, pois eles fizeram aquilo que as forças de segurança nos aeroportos não tiveram a capacidade de garantir e o Estado, ao mais alto nível, incluindo aqui o seu poderoso sistema de informações e de espionagem e contra-espionagem global, também se revelou impotente para assegurar. Recordar o 11 de Setembro é, acima de tudo, um acto de humanidade para com aqueles que partiram de forma trágica e um momento de reflexão para delinear estratégias - preventivas e repressivas - de combate a qualquer forma de terrorismo contemporâneo. É que o 11 de Setembro é já alí, ao virar da esquina. O 11 de Setembro é um "verme" contagioso que, directa ou indirectamente, está dentro de nós, das nossas visões, dos nossos medos. Esse energúmeno e bárbaro dos novos tempos que é bin laden conseguiu infundir esse medo planetário e continuar a viver impunemente com a revolução suicidária que impôs ao mundo. O qual ficará mais liberto quando extirpar esse verme não só da face da terra, mas também do nosso imaginário e das nossas visões.

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