terça-feira

Evocar Guilherme Shakespeare

Quem perscruta Portugal neste Verão o que vê senão um vazio incendiário, repleto de futilidades políticas e sociais - com uma "estória" de herança milionária luso-brasileira a animar as hostes, como se esse facto canalha (porque envolve motivações obscuras, dinheiro e sexo), que envolve um milionário, uma sopeira-amante assassinada e uma filha que reclama um maior quinhão sejam, de facto, pelo alinhamento do agenda-setting das estações de tv que enfardam a palha do dia - a seiva deste país que vegeta entre o incêndio cinegético e o fogo posto ante o deserto de alternativas dum governo estafado, duma oposição incapacitante e duma sociedade que não sabe que fazer ao tempo e aos magros recursos de que dispõe para tornar este país um pouco mais respirável. Por vezes, torna-se difícil encontrar um sentido para este país, um significado colectivo para a existência. Um país que nos obriga a ser os tais idiotas de que W.S. nos fala, e esse nunca morreu, pelo que será sempre recordado e não consta que fosse governante, integrasse a oposição ou andasse por aí à cata de heranças manhosas.
A vida é uma simples sombra que passa (...); é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa.
Fonte: "Macbeth" Tema: Vida Inglaterra [1564-1616] Dramaturgo/Poeta/Actor/Compositor

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