quarta-feira

Socialistas elogiam novo PSD e Vitorino já fala em "diálogo"

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(...) O PS está bem impressionado com Pedro Passos Coelho. Os socialistas denunciam a deriva "liberal" e as ideias "fraquitas" do novo líder laranja, mas louvam o abandono da linha de ataques pessoais ao primeiro-ministro.
Os elogios vêm das mais improváveis figuras. Mário Soares escreveu na sua crónica semanal no DN que os discursos de Passos Coelho "foram sensatos e inteligentes, revelando perante as suas tropas uma grande dose de modéstia".
Numa entrevista à TVI24, Augusto Santos Silva, famoso por gostar de "malhar na direita", recusou a ideia de que Passos representava um perigo maior para o PS do que a sua antecessora. O ministro da Defesa considerou que o discurso no Congresso de Carcavelos mostrou uma coisa positiva: "O doutor Passos Coelho fez um discurso de combate político e crítica ao Governo e ao PS, mas não seguiu a via dos ataques pessoais, das calúnias e dos rumores."
Em declarações à Lusa, António Vitorino disse esperar que "a nova liderança do PSD permita criar uma base de diálogo para que o Governo possa ter no PSD um interlocutor válido para que as melhores ideias em relação à luta contra o desemprego e a pobreza possam fazer o seu caminho".
A mudança de tom há muito que vinha sendo exigida pelo PS. Mas essa não é a única vantagem que os socialistas encontram em Passos Coelho. O discurso "liberal"do novo líder laranja - favorável às privatizações e muito tolerante nos costumes - é visto como uma oportunidade para colar o PSD à direita, deixando o centro a descoberto para o PS.
"Com um CDS consolidado [...] e um liberal à frente do PSD, o bloco conservador e liberal acantona-se mais à direita, deixando completamente vazio o espaço eleitoral à esquerda moderada e ao centro, o tal que só quem o conquista ganha eleições em Portugal", escreveu Capoulas Santos.
Obs: Em suma, o PSD tem um líder mais civilizado, mais estruturado e mais dialogante do que a sua antecessora. E daqui pode nascer uma de três coisas: 1) o futuro PM de Portugal, hipótese remota; 2) as bases do futuro governo de bloco central; 3) ou, na pior das hipóteses, e ante uma desgraça súbita do PS, um governo de coligação PSD-CDS como que a reeditar a coligação durão-portas de 2004. Tenho para mim, que se afirmará mais a 2ª tendência em face dos problemas, desafios e constragimentos que a economia nacional enfrenta no quadro comunitário e global.

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