terça-feira

Passos quer privatizar devagar e contenção nos salários

Na primeira entrevista pós-congresso, o líder esmiuçou o seu projecto económico. E repetiu não ter pressa nas eleições. Conheça amanhã na edição em papel do DN as semelhanças entre o último congresso do PSD, que consagrou o novo líder Pedro Passos Coelho, e o congresso do PS de 2004, do qual José Sócrates saiu líder dos socialistas. dn
Pedro Passos Coelho concretizou ontem, na primeira entrevista após a sua consagração como líder do PSD, na SIC, como pretende "retirar o Estado das empresas", caso venha a ser eleito primeiro-ministro. Quer "privatizar" grande parte das empresas públicas, mas de uma "forma progressiva e estratégica". O que não acontece, na sua opinião, no "pacote" de privatizações incluído no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) apresentado pelo Governo em Bruxelas. Que, diz, apenas é um expediente para combater o défice.
"Muita da corrupção deve-se ao facto de o Estado ter uma posição dominante nas empresas", defendeu Passos. Admite que fiquem apenas nas mãos do Estado empresas que detêm "infra-estruturas", por exemplo como a Refer.
O líder social-democrata defendeu também uma "forte contenção" nos salários da administração pública até 2013, admitindo apenas uma actualização dos mais baixos de acordo com a inflação. E aproveitou a boleia do PEC para responder ao desafio que Francisco Louçã lhe lançou de apoiar a taxação em 20% das mais-valias bolsistas. Disse concordar com o princípio, mas preferindo que aconteça quando os portugueses entregam a sua declaração de IRS (e com taxa autónoma).
Do PEC entregue em Bruxelas, e que contou com a abstenção do PSD no Parlamento, Passos lembrou que o "Governo não conversou com os partidos" sobre o documento. "Vai ter de o fazer depois", assegurou, demonstrando que o novo PSD não tenciona caucionar todas as medidas nele contidas. Até porque, sustentou, o PEC "não tem nada de crescimento macroeconómico". E para que isso aconteça é necessário "investir na reforma da Justiça e da Administração Pública".
Para evitar o aumento de impostos e diminuir o défice a curto prazo, Passos defende uma gestão mais eficiente da despesa pública, num "programa ambicioso" dirigido pelo ministro das Finanças.
O líder do PSD voltou também à sua proposta de maior controlo das prestações sociais e da necessidade de pedir aos seus beneficiários que prestem serviço comunitário em retribuição: "Não queremos criar um exército de subsídio dependente".
Passos reiterou aos portugueses. "Não estou à espreita de uma oportunidade para deitar o Governo abaixo." Porque não procura "uma vitória de Pirro". Antes quer "afirmar um projecto alternativo e conquistar o País".
A prioridade que dá ao processo de revisão constitucional foi explicada pela urgência em reformar o Estado. Voltou, neste sentido a defender a possibilidade de uma região-piloto no caminho da regionalização. E a mudança das regras na nomeação das entidades reguladoras, passando boa parte delas para as mãos da AR.
O Presidente da República recusou ontem pronunciar-se sobre esta prioridade do PSD. Cavaco apenas lembrou que a Constituição"é talvez a única" que o Chefe do Estado não pode vetar.
Obs: O que é interessante registar nas propostas de quem quer capturar o poder é o de prometer muitas coisas novas ao mesmo tempo. Isso não é bom nem mau, é apenas diferente do que está, daí a novidade. Confesso que quando vejo e ouço PPCoelho nas suas narrativas lembro-me sempre de um trolha que em estado menos sóbrio dizia sempre que era homem para construir uma ponte completamente suspensa no ar, e quando regressava à normalidade e era perguntado pela obra respondia sempre: qual obra, que ponte...
Um dia PPcoelho ainda promete construir uma Mesquita sobre o Mosteiro dos Jerónimos.
Mas é isto que também é giro na política...

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